5/06/2013

Amazon Publishing, pleased to rip you off



No meio editorial europeu não se fala de outra coisa. Em Espanha o tom tem subido significativamente e a Amazon torna-se, dia para dia, na «Besta Negra» da edição mundial.

De plataforma muito bem-sucedida de venda de livros, a Amazon tem crescido para onde consegue, e o dinheiro o permite.

E-readers à parte, o que aqui hoje me traz é a recente estratégia de aquisição de conteúdos por parte da Amazon que, face à maior dificuldade em conseguir entrar na Europa, passou a atacá-la de outras formas.

De que forma? Imaginem que são editores e que há anos publicam os vossos principais autores com maior ou menor sucesso. Imaginem agora como ficariam se a Amazon fosse ter diretamente com os melhores autores e lhes «pagassem» para isolarem os direitos digitais e  passarem para a Amazon o direito de vender os «nossos livros» em todo o mundo, incluindo no nosso país, na versão Kindle. Ficavam contentes?

Não sendo esta ação (reter os direitos digitais para publicação autónoma) uma novidade, já o «Chacal» – o famoso agente Andrew Wiley – o fez, ao menos ele era o agente dos escritores e estava descontente com as estratégias digitais dos editores. Não sendo ilegal, o que a Amazon está a fazer ultrapassa todos os limites da ética.

Nuno Seabra Lopes

4 comentários:

  1. Nada que não fosse previsível, e temível para a evolução da palavra escrita, a valorização intelectual e o desenvolvimento cultural; porque está muito longe de ser provado (bem pelo contrário) que as alterações na função cerebral decorrentes da leitura em suporte digital não sejam redutoras do conhecimento evoluído.

    Em 2011 escrevi:
    "A Amazon, fundada por Jeff Bezos em 1994... Na fase actual, procura desenvolver conteúdos editoriais próprios e baixar o preço de venda do Kindle no sentido de fomentar a venda, mais lucrativa, de conteúdos digitais. O modelo de negócio parece encaminhar-se no sentido da promoção e liderança da edição digital, que lhe seria bastante mais rentável do que o logisticamente complexo e oneroso comércio electrónico de livros impressos.

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  2. E é claramente esse um dos caminhos que querem traçar.
    Mas não me parece uma questão de transferência, mas de verticalização. A Amazon chegou a um ponto que quer tudo, já não se contenta só com parte do negócio.

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  3. Os mecanismos naturais de equilíbrio hão de funcionar e não me parece que a hegemonia da Amazon vá perdurar. Quem tudo quer, tudo perde.

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  4. Mas o que tem mesmo piada é que os autores caem na esparrela. é que ganham muito menos dessa forma mas nem se apercebem.

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