tag:blogger.com,1999:blog-91778176823881088942024-03-18T19:49:41.387+00:00Edição Exclusiva Blogue coletivo dos principais especialistas do livro em Portugal - o <i>think tank</i> do livroUnknownnoreply@blogger.comBlogger150125tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-85048052991731309902024-03-18T19:49:00.000+00:002024-03-18T19:49:10.010+00:00<h1 style="text-align: left;"> <b><span style="color: #cc0000; font-size: large;"><i>50 Anos no Mundo do Livro: Da Gestão à Investigação</i></span></b></h1><div><b><span style="color: #cc0000; font-size: medium;"><i><br /></i></span></b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><span style="color: #050505; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, .SFNSText-Regular, sans-serif;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuIFSJbA4PkHTZMowEX51fJjHUJbITxsklk-H9hwaLG1cIZevR1jwyOmqlqf_VG27QhTvq7pQggQVn12GQflwlva6Lcz9zve4zN9BfuH1big5FAhMH9GzbSvl1gCH06ScP4MEEn_KzWb-ec29nkqPquifdv0f1LLj-lUvXo-qZ7veQQaM8vlO8uFfAtFHZ/s2717/CAPA_50AnosMundoLivro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2717" data-original-width="1772" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuIFSJbA4PkHTZMowEX51fJjHUJbITxsklk-H9hwaLG1cIZevR1jwyOmqlqf_VG27QhTvq7pQggQVn12GQflwlva6Lcz9zve4zN9BfuH1big5FAhMH9GzbSvl1gCH06ScP4MEEn_KzWb-ec29nkqPquifdv0f1LLj-lUvXo-qZ7veQQaM8vlO8uFfAtFHZ/s320/CAPA_50AnosMundoLivro.jpg" width="209" /></a></div></span></span></span></div><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><span style="color: #050505; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, .SFNSText-Regular, sans-serif;"><span style="caret-color: rgb(5, 5, 5); white-space: pre-wrap;">Projecto iniciado em 2021, desenvolvido no âmbito do plano de actividades da unidade de I&D Centro de Línguas Literaturas e Culturas da Universidade de Aveiro, publicado por Âncora Editora com prefácio</span></span> de José Soares Neves e </span><span style="background-color: white;">posfácio de David Callahan<span style="color: #050505;"><span style="white-space: pre-wrap;">.</span></span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><span style="color: #050505;"><span style="white-space: pre-wrap;">Apresentado em 14 de Março de 2024, na Sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglés, por Paula Morão, Professora Catedrática Emérita da Faculdade de Letras da Universidade de </span></span></span></span><span style="color: #050505; font-size: medium;"><span style="white-space: pre-wrap;">Lisboa e ex-Directora-Geral do Livro e das Bibliotecas.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #050505; font-size: medium;"><span style="white-space: pre-wrap;">Estruturado em estilo de narrativa biográfica e compilação documental, </span><i style="white-space: pre-wrap;">50 Anos no Mundo do Livro</i><span style="white-space: pre-wrap;"> não é uma autobiografia, não é um livro de memórias, não constitui o relato de uma história de vida. Trata-se de um testemunho escrito, desenvolvido com o objectivo de divulgar e preservar para memória futura factos, princípios e realidades que estão presentes na minha vivência e no acompanhamento da relação virtuosa entre a palavra escrita e a prática de princípios de gestão socialmente responsável no contexto da indústria cultural do livro, uma associação de valores relevante</span> para o desenvolvimento sociocultural.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #050505; font-size: medium;"><span style="white-space: pre-wrap;">O evento constituiu, igualmente, uma oportunidade de dar contributo para a memória colectiva da luta e importância da actividade editorial e livreira pela conquista e consolidação da liberdade democrática em Portugal</span></span></p><p style="text-align: left;"><br /></p>Rui Bejahttp://www.blogger.com/profile/16692370674770404937noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-28888454945213443602021-04-26T04:37:00.009+01:002022-02-09T11:59:14.235+00:00Do absurdo<p><img alt="Cut or rip out half of the pages. Lay the book flat with the cut side away from you." height="308" src="https://images.saymedia-content.com/.image/t_share/MTc2NzQ2MjgwNzU4ODgwMTIy/how-to-make-a-recycled-book-and-magazine-turkey-centerpiece-for-thanksgiving.jpg" width="400" /> <br /></p><p>Deixem-me contar-vos uma história:</p><p>Há muitos anos, o maior grupo de livrarias nacional foi comprado por uma editora estrangeira. Na mesma altura surgiam por todo o país as ditas grandes superfícies (hipermercados). Em pânico, os pequenos livreiros pediram ajuda ao Estado. Já estavam a ser esmagados pelas grandes superfícies (aparecidas há poucos anos) que davam descontos enormes aos compradores e compravam livros em grandes quantidades aos editores que assim escoavam os seus fundos rapidamente.</p><p>Implementou-se uma «Lei do Preço fixo do Livro» (1996) copiada de uma lei francesa. Essa legislação tinha por objectivo (declarado) proteger os pequenos livreiros, editores e o cliente final - diziam. Nunca o fez. </p><p>As grandes cadeiras de livrarias e as grandes superfícies violam regularmente essa lei e as multas são ínfimas convidando à prevaricação.</p><p>O efeito concreto que teve foi a des-liberalização do mercado que resultou no encerramento de centenas de livrarias e com que vários pontos de venda de livros, como papelarias-livrarias e quiosques, abandonassem o livro como produto. Porquê? perguntais-me vós... </p><p>É simples: </p><p>a) o pequeno livreiro deixou de poder negociar com a editora as suas apostas. Afinal de que serve negociar se o desconto final é igual para todos? </p><p>(Não se esqueçam que há um desconto comercial que não é regrado legalmente: o desconto que o editor faz ao livreiro. Uma livraria independente exige descontos a rondar os 35 a 40% sobre o preço de capa do livro e as grandes cadeias e superfícies pedem descontos que podem ir até aos 60 e tal %.)</p><p>b) as livrarias independentes que tinham bons livreiros (aqueles à moda antiga) viram-se em igualdade de circunstância (aparentemente apenas, porque o desconto comercial era diferente) com as grandes cadeias e as grandes superfícies. Assim, em vez de usarem a experiência dos seus livreiros (à moda antiga) que encomendavam os livros de acordo com o perfil da livraria e do seu público, começaram a encomendar tudo. E se encomendavam tudo para conseguirem chegar a todo o público, para que é que precisavam de um livreiro experiente e conhecedor (e com ordenado inerentemente mais alto)? Estes foram reformados ou despedidos, substituídos por miúdos que não liam nem sabiam nada de livros mas que aceitavam trabalhar por tuta e meia.</p><p>O resultado - e é pena que não haja dados para termos números concretos - foi o encerramento de dezenas de livrarias independentes nos 7 anos seguintes à implementação da Lei. E de o livro ter desaparecido como produto habitual de papelarias-livrarias e de quiosques.</p><p>Quem tudo quer, tudo perde: o público fiel das livrarias deixou de o ser porque as livrarias se generalizaram e, como tal, de descaracterizaram; o público generalista prefere ir às grandes cadeias ou às grandes superfícies pois, obviamente, na maré de novidades, estas têm mais espaço e quantidades. </p><p>As livrarias independentes tentaram meter o Rossio na Betesga sem sucesso. Não tinham espaço e, mesmo quando este até suportava as novidades quase todas, não conseguiam ter muitos exemplares de um livro e, sem livreiros experientes, que soubessem analisar o interesse do público local, este, muitas vezes, pedia um livro cujos 1 ou 2 exemplares tinham já sido vendidos perdendo-se a oportunidade de venda.</p><p>E assim foi, de lá para cá. Violações sucessivas da lei pelos "grandes" e livrarias independentes a fechar pois perderam identidade.</p><p>A entidade responsável pela aplicação da lei (o IGAC) nunca teve meios para exercer um controlo efectivo. Faz inspecções de tempos a tempos e multa com valores ridículos os prevaricadores que nem sequer se sentem obrigados a "retirar" a campanha.</p><p>Mas os efeitos nefandos continuam: o livro passou a manter-se com preço fixado por 18 meses. Na maior parte dos países que tinham adoptado a medida, esse prazo era muito inferior. Qual é então o problema de 18 meses de duração do período de preço fixo? </p><p>Vejamos: estamos num mercado voltado para a novidade, onde a rotação rápida do produto é evidente. Publicam-se muitos livros e as livrarias, mesmo as grandes, têm pouco espaço para as constantes novidades e para os fundos (os livros publicados há mais tempo mas que, porque são <i>long </i>ou <i>constant-sellers, </i>as livrarias querem manter em loja).</p><p>Assim, se um livro não vendia/e muito bem logo nos primeiros dois meses, as livrarias passavam-no para a estante em vez do escaparate ou, na maior parte dos casos, devolviam-no ao editor para, em seguida, usarem o seu espaço para a próxima "tentativa de sucesso". Encaixem esta situação na anteriormente descrita do desaparecimento dos livreiros à moda antiga com verdadeira capacidade de analisar o fluxo de vendas em função do perfil de público e da ambição economicista das livrarias independentes da época...</p><p>O nosso mercado livreiro passou a ser <i>igual:</i> a maior parte das livrarias independentes vendia o mesmo que as grandes livrarias e grandes superfícies. Mas, como estas violavam e violam a lei e faziam descontos maiores, o público preferia-as e prefere-as.</p><p>Note-se também que se o público deixou de ser fiel e passou a ser ocasional, serviços como a encomenda de livros são muito trabalhosos e pouco rentáveis. Os livreiros à moda moderna, sem interesse e com pouca motivação (remunerativa), não vão estar a fazer encomenda de um livro só porque o não têm. É mais fácil dizer que "está esgotado".</p><p>Só que os livros não estão esgotados: estão nos armazéns dos editores que não os conseguem escoar. E quando estão num armazém e não se vendem, pagam impostos na mesma como bens activos (como se tivessem potencial de render o preço que têm). </p><p> - Quem é pouco prejudicado? As editoras que produzem livros "comerciais" de rotação rápida. </p><p>- Quem é mais prejudicado? As editoras que produzem livros que se vendem mais devagar: autores nacionais, clássicos, poesia, etc. Nessa fase fecharam várias editoras independentes que não conseguiram adequar-se ao mercado em mudança. Outras largaram livros de venda lenta para também tentarem fazer edição comercial.</p><p>O efeito global no mercado foi simples:</p><p>a) livreiros, editores, grandes superfícies vendiam menos porque a diversidade desaparecera/eu - a oferta era cansativa;</p><p>b) muitos leitores mais velhos reduziram as suas compras; os mais jovens começaram a ler noutras línguas;</p><p>c) os editores começaram a guilhotinar livros que não vendiam pois, ao menos assim, podiam recuperar pelo menos o dinheiro do imposto. Não era um prejuízo total...</p><p>Esse período viu o desaparecimento do espaço da crítica nos jornais e órgãos de imprensa (afinal com oferta de novidades tão descaracterizada também a crítica o era), e viu o surgimento de um mercado negro de venda de livros usados. Os livros passaram a circular entre pessoas que se usam da <i>internet </i>para, sem pagar impostos, venderem livros umas às outras sem que as editoras, livrarias e Autores vejam um cêntimo.</p><p>Tudo isto são frutos evidentes da perda de iniciativa e identidade dos agentes do mercado.</p><p>Há poucos meses, um artigo do Público, assinado por Luís Miguel Queirós, falava do aumento dos livros guilhotinados. </p><p>A Sr.ª Ministra da Cultura ouviu vários agentes do sector sobre este assunto. Falou-se da possibilidade de facilitar doações e de várias outras hipóteses para os fundos mortes das editoras. Eu próprio defendi a criação de uma central de compras/doações para as Bibliotecas e Bibliotecas Escolares. Falou-se da resolução de berbicachos na legislação fiscal referente a doações (esclareço: é uma figura não contemplada legalmente pelo que o editor, doando, tem de pagar imposto).</p><p>O que não sabíamos era que havia uma nova proposta de Lei do Preço Fixo a ser preparada.</p><p>Souberan a Associação do Sector, a APEL, e uma associação que representa parte do sector, a RELI (uma associação que nasceu de forma algo torta como discuti <a href="https://edicaoexclusiva.blogspot.com/2020/04/carta-aberta-aos-organizadores-da-reli.html" target="_blank">aqui</a>), no dia 13 de Abril tendo como prazo para se pronunciarem, até dia 19 desse mesmo mês (5 dias úteis em pleno confinamento). Para a primeira, foi uma surpresa.<br /></p><p>A proposta descreve de forma clara e evidente os motivos que levaram a esta revisão:</p><p>"Não obstante as alterações introduzidas em 2000 e em 2015, a experiência de aplicação, seis anos volvidos desde a última revisão, bem como o impacto da crise sanitária da pandemia da doença COVID-19 no mercado livreiro, determinam a necessidade de introduzir algumas alterações tendentes a melhorar o comércio do livro."</p><p>Esclarecido? Eu também não. </p><p>Pior: aquando da criação da lei original ou da sua revisão em 2015, a Lei do Preço Fixo do Livro foi sempre elaborada com acompanhamento e a instâncias da Associação que representa o sector. Desta feita tal não aonceteceu.</p><p>Se os prazos foram os que foram e ninguém foi consultado antes - que se tenha acusado - de onde vem a "experiência do sector"?<br /></p><p>Esta proposta vem do vazio, ou não, porque correm rumores que a associação que representa uma pequena franja do sector, a RELI terá estado a trabalhar com algumas das instituições em causa - o que justificaria um artigo estranho na proposta de lei que parece limitar os descontos que os editores podem praticar na venda dos seus fundos sem, contudo, regular o desconto que os livreiros podem fazer nesses mesmos fundos - e as livrarias independentes são praticamente as únicas hoje em dia a vender fundos e o facto de quase todas as alterações serem prejudiciais aos editores e benéficas apenas para livrarias independentes. [Actualização em Fevereiro de 2022: Graças aos céus e ao bom senso, a Autoridade para Concorrência vetou esse artigo que devia ter saltado aos olhos das entidades como a DGLAB ou o próprio Ministério da Cultura.]</p><p>Enfim, o que me interessa aqui apontar é que:</p><p>a) esta proposta, a efectivar-se vai ser mais um passo no trajecto triste da perda da pouca identidade que o mercado ainda tinha.</p><p>b) que é uma falta de chá a maneira como foi preparada. É uma coisa mesquinha e prejudicial a todo um sector e feita contra a maior parte dos agentes do sector. (E mesmo aqueles que creio terem sido os efectivos proponentes vão perceber a médio trecho que a alteração lhes é nociva.)</p><p>c) vai levar a um garantido aumento no abate de livros e num encurtamento do tempo em que esse abate, tendo que acontecer, já acontecia. Afinal com a pandemia as livrarias estão a devolver mais rapidamente ainda as novidades que mal têm tempo para se afirmar (as devoluções de FNACs e Bertrands este ano já foram enormes). Os editores ficam com armazéns cheios de livros que não podem escoar com descontos apelativos e a necessidade de fazerem mais livros para compensar o insucesso daqueles outros (e para os quais não haverá espaço).</p><p>d) não há uma - UMA - justificação razoável para a alteração da lei, sobretudo no actual momento. Se alguma coisa se falava entre editores, Autores e alguns livreiros, era a redução do período de Preço Fixo.</p><p>e) vai destruir muitos pequenos editores e obrigar outros a deixarem de publicar obras "diferentes" para embarcarem por um caminho mais... carneirada.</p><p>f) não resolve nenhum dos problemas que a Lei do Preço Fixo tem e que teria evidente efeito de utilidade pública como a liberalização do desconto com que se podem vender livros às Bibliotecas das Redes Pública e Escolar ou regime de excepção para doações.</p><p>g) não corrige erros e inconsistências da lei (e mesmo gralhas de texto).<br /></p><p>h) vai levar a que, como acontece em outros países culturalmente "pobres", os editores por interposta pessoa comecem a vender nos canais não controlados como eBays e OLXs e outros alternativos fugindo de um controle excessivo e castrador (e inútil) e evadindo-se aos impostos.</p><p>No pouco tempo que teve para analisar a proposta, a APEL fez uma contraproposta ainda mais absurda mas que era, na realidade, uma bofetada de luva branca aos reais proponentes da alteração à Lei do Preço Fixo: aceitar os 24 meses mas, depois, nunca liberalizar o preço dando apenas possibilidade de um desconto máximo de 30% (para sempre).</p><p>E para concluir:</p><p>- Na realidade, quem olhar historicamente para a Lei do Preço Fixo e para os seus efeitos no mercado, percebe que, na realidade, não precisamos dela.</p><p>- Se se for para a frente com a actual formulação proposta, serve apenas os interesses de uma franja reduzida do sector, as livrarias independentes, que, em boa parte (se bem que não na totalidade felizmente) por norma não paga nos tempos acordados aos editores, sobretudo aos pequenos.</p><p>- Se for para a frente com as propostas introduzidas pela APEL esteriliza o mercado tornando o livro provavelmente o produto mais controlado de todos sem qualquer espaço para qualquer tipo de iniciativa.</p><p>- Que isto tudo não é mais do que uma guerrinha ridícula para defender um grupo de interesses ínfimo no seio da Indústria Livreira e que é triste ver entidades governamentais (a proposta vem assinada pelo Primeiro-Ministro!) a brincar com coisas sérias.</p><p>- Que é mais evidente, agora do que nunca, que a Lei do Preço Fixo devia era ser abolida e substituída por uma regulamentação simples do desconto comercial. Essa sim garantiria todos os objectivos que fundamentam a criação da Lei do Preço Fixo e também que</p><p><span> </span>a) não haveria desfasamento de preços nas ofertas seja de pequenos ou grandes livreiros ou de <span> </span><span> <span> </span><span> </span></span>grandes superfícies.<span> </span><span> </span><span> </span></p><p><span> </span>b) haveria espaço para as livrarias voltarem, se quisessem, a desenvolver uma identidade.</p><p><span> </span>c) o público leitor não era prejudicado.</p><p><span> </span>d) os pequenos livreiros, os grandes ou as grandes superfícies não seriam prejudicados.</p><p><span> </span>e) os editores, independentemente do seu tamanho, não seriam prejudicados.</p><p><span> </span>f) o IGAC nem precisa de existir, ou, existindo, só tem de cruzar a informação com as Finanças <span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>relativamente às facturas emitidas para fazer o que tem a fazer sem necessidade de inspecções sequer.</p><p><span> </span>g) acabavam muitas manhoseiras e estratagemas que todos os anos lesam o Estado na recolha de <span> </span><span> </span><span> </span>impostos. </p><p><span> </span>h) com uma alteração legal obrigando à emissão de factura para produtos culturais poderíamos, sem <span> </span>mais, ter pela primeira vez em Portugal números reais quanto à venda e compra de livros, números <span> </span><span> </span>que tanta falta fazem ao sector.</p><p>Balelas é ter medo de regrar o desconto comercial mas tentar controlar todo um sector com evidentes efeitos negativos.</p><p>- Enquanto uns quantos brincam com legislação, TODOS NÓS NO SECTOR vemos os hábitos de leitura descerem embora camuflados por sondagens e estatísticas surreais para União Europeia ver.</p><p>- Enquanto uns quantos brincam com legislação, não se desenvolvem campanhas e iniciativas nacionais com o objectivo de criar mais leitores regulares de livros.</p><p>Note-se, contudo, que não sou a favor de qualquer tipo de regramento no sector e sim de boa fiscalização. O regramento do sector apenas permite que empresas que nada acrescentam em termos de valor à oferta cultural e editorial se mantenham em actividade ocupando o espaço que novos projectos mais ambiciosos e clarividentes poderiam tomar como seus. Faço a sugestão acima apena para aqueles cujo medo vê necessidade de um sistema de equilíbrio artificial como única boia de salvação.</p><p>Da última vez em que instituições supostamente sérias se puseram a brincar com coisas de facto sérias (embora muito menos sérias do que agora) aconteceu <a href="https://edicaoexclusiva.blogspot.com/2014/12/as-solucoes-positivas-e-as-solucoes.html" target="_blank">isto</a>. </p><p>Haveria muito mais a dizer mas para já ficou esta descarga de adrenalina de um editor frustrado com a mesquinhez de tudo isto. </p><p><br /></p><p><b>Adenda</b></p><p>Pediram-me mais detalhes sobre as alterações propostas.</p><p>Podem consultar tudo <a href="http://www.apel.pt/pageview.aspx?pageid=914&langid=1" target="_blank">aqui</a>, mas verão que não há muito mais: alargamento do prazo da vigência do Preço Fixo para 24 meses; ligeira melhoria nalgumas definições (mas só naquelas onde incide a vigência dos 24 meses); cláusulas sobre os descontos acima referidas. <b></b></p><p>Pediram-me também mais informações sobre a tal possível influência da RELI. Não posso, obviamente, revelar a fonte em causa e, também para mim, não é mais do que um rumor pois quem me passou essa informação não tinha provas que me tenha apresentado. Mas que é, de todos os intervenientes ou possíveis interessados, a única "força" com interesse nas mudanças específicas que vão, aliás, bem ao encontro das medidas "de guerra" (a expressão sua) do manifesto de apresentação dessa associação... isso, como convirão, parece ser por demais evidente.<b> <br /></b></p><p><b> </b><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-84142155972740629522020-04-18T13:56:00.001+01:002020-04-18T17:15:51.697+01:00Carta Aberta aos organizadores da RELICaros Amigos,<br />
<br />
Foi com grande satisfação que soube de <a href="https://www.reli.pt/" target="_blank">uma iniciativa</a> que finalmente teve lugar. Infelizmente aconteceu agora e pelos piores motivos.<br />
<br />
Estamos todos lembrados da LI original de finais de 90 e começos de 2000. Infelizmente, nessa altura, a incapacidade de os independentes se unirem (um problema muito português) foi gritante e triste para quem via do outro lado da barricada.<br />
<br />
Insisti nessa ideia em três Encontros Livreiros na Culsete. Referi o exemplo da Feria Chilena del Libro que se tornou a cadeia de livrarias mais pujante e de maior dimensão no país contra os gigantes espanhóis que o invadiam.<br />
<br />
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e"></span><br />
<div class="x_-1117244249clearfix x_-1117244249_o46 x_-1117244249_3erg x_-1117244249_29_7 x_-1117244249direction_ltr x_-1117244249text_align_ltr">
<div class="x_-1117244249_3058 x_-1117244249_ui9 x_-1117244249_hh7 x_-1117244249_6ybn x_-1117244249_s1- x_-1117244249_52mr x_-1117244249_3oh-" id="x_-1117244249js_9z">
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<b><span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">1. A situação actual:</span></span></b><br />
<br /></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
</div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">A cadeia do livro em Portugal entrou em estagnação quase total. Há
várias iniciativas para condicionar os leitores para a compra <i>online </i>mas
nunca houve grande adesão a este canal - o leitor português é, por
definição, avesso às novas tecnologias. Claro que as vendas<i> online
</i>subiram mas as vendas <i>online </i>não representam sequer 5% do total de
vendas da maior parte das editoras e livrarias. Que tenham subido dois
ou três pontos percentuais será, talvez, já muito exagerado.</span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Assim as editoras suspenderam a produção e as livrarias fecharam portas e a maior parte das empresas encontra-se em <i>lay off.</i></span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">A situação é muito recente, muito incerta e demasiado complexa para ter gerado mais do que um começo de discussão preocupada.</span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">O
problema das sociedades modernas (e por reflexo das economias modernas)
é que não estão preparadas para lidar com incertezas. As incertezs com
que a área do livro sempre viveu, como as das sociedades modernas, são
incertezas controladas. Sabemos as variantes e os limites dessas
incertezas, conseguimos prever os melhores cenários e os </span><i><span class="x_-1117244249highlight">worst case scenarios</span></i><span class="x_-1117244249highlight">. Com a pandemia tudo é uma incógnita total.</span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Em
Portugal e no mundo as economias do livro estão presas aos números de
leitores que são sempre residuais dentro do grande cenário económico.
Claro que a dimensão dos países dita a outra questão: Portugal é um país
pequeno com um número ínfimo de leitores relativamente à percentagem de
população. As estatísticas que existem são falseadas ou muito pouco
rigorosas (a última indicava que 47% da população lia livros e que os
restantes 53% só não lia por falta de tempo... a coragem de ter lançado
uma estatística destas roça níveis de ridículo indizíveis). Na realidade
a experiência diz aos editores portugueses que, com sorte, teremos 5% da
população a ler livros. Há, portanto, excesso de livros produzidos para a procura
existente.</span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Como
tal a economia do livro em Portugal é, no mínimo, periclitante.
Livrarias e editoras de todas as dimensões dificilmente vão aguentar os
resultados da estagnação comercial e do período de recessão que
necessariamente se lhe vai seguir sem apoios estruturais. O mesmo,
contudo, acontece com a maior parte dos sectores de actividade. E o
mesmo acontece com a maior parte dos sectores de actividade em todos os
países afectados.</span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Com
uma pandemia a questão macro económica deixa de ser uma preocupação
centrada nos Estados e tem de passar para uma discussão supra-nacional.
Os governos dos vários países afectados não têm condições económicas
para resolverem por si a situação e os seus efeitos. É simplesmente
impossível. As medidas que venham a ser tomadas para "segurar" sectores
da economia vão ser escolhas difíceis para os governos e as indústriais
culturais serão - como sempre em tempos de crise - as que mais irão
sofrer porque são sempre consideradas não-essenciais. Quem tiver ilusões
aqui, desengane-se. As soluções e apoios para as indústrias culturais
serão das que mais tardarão para um sector que, por já viver
habitualmente de apoios e pouco ter desenvolvido economias próprias,
será dos que mais rapidamente passará dificuldades.</span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Acredito
pessoalmente que 30 a 60% das empresas ligadas às indústriais culturais
vão insolver. Sobreviverão os projectos mais economicamente bem
pensados e estruturados, desaparecerão projectos quixotescos alicerçados
sobretudo em boa vontade mas sem estratégia económica - algo habitual
nas indústrias culturais.</span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span class="x_-1117244249highlight" style="background-color: #cbcc00;"><span style="background-color: white;">Se e quando chegarem apoios, será tarde demais para muitos até porque a restante crise que afectará o país e o mundo ditará uma recessão com efeitos na compra de bens.</span></span></div>
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<br /></div>
<b><br /></b></div>
</div>
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e"></span><br />
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e"><b>2. O aparecimento da RELI</b></span></div>
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e"><span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249_3oh- x_-1117244249_58nk"><span class="x_-1117244249highlight">A RELI parece ser finalmente a concretização de uma ideia antiga que
teve vários falsos arranques nas últimas 3 décadas em Portugal. Foi
finalmente possível por via de uma combinação de factores negativos entre os
quais o medo, a incerteza e o facto de haver tempo para os livreiros
independentes finalmente poderem parar - a maior parte das livrarias
independentes em Portugal tem 0 a 3 funaionários para além dos donos das
livrarias que também geralmente lá trabalham.</span></span><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></span></div>
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e"><span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249_3oh- x_-1117244249_58nk"><span class="x_-1117244249highlight">A
possibilidade de concretização da ideia prende-se sobretudo com um
conjunto de projectos livreiros criados nas últimas duas décadas e que
aliaram à simples criação do negócio uma consciência da actividade
dentro do plano económico. Há livreiros, finalmente, que têm
preocupações económicas e que pensam os seus projectos dentro dessa
realidade. Desde o 25 de Abril de 74, em Portugal abriam e
fechavam regularmente livrarias que tinham apenas como base "boas
intenções".</span></span><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></span></div>
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e"><span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249_3oh- x_-1117244249_58nk"><span class="x_-1117244249highlight">Foi
a situação actual e essa maior sensibilidade económica que levou os
livreiros portugueses a contrariarem uma ancestral aversão ao
associativismo. Essa aversão é fundamentalmente cultural e está ligada
ao medo da evolução e inovação bem como a uma tradicional incapacidade
de dialogar. </span></span><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></span></div>
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e"><span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249_3oh- x_-1117244249_58nk"><span class="x_-1117244249highlight">A
realidade, contudo, mudou: há livreiros que estão dispostos a fazer
mais sacrfícios do que outros para obter resultados que vão ser
proveitosos para todos (ao contrário do que aconteceu nos tempos da LI). E há livreiros que têm ao seu alcance conhecimentos
para pensar no negócio como um negócio e não como ideia ou mero
mecanismo de sobrevivência.</span></span><span class="x_-1117244249highlight"></span></span></span></div>
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e"><span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></span></div>
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e"><b><span class="x_-1117244249highlight" style="background-color: #cbcc00;"><span style="background-color: white;">3. A <a href="https://www.reli.pt/carta-aberta/" target="_blank">Carta Aberta</a> da RELI</span></span></b></span></div>
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
</div>
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e"><span class="x_-1117244249highlight" style="background-color: #cbcc00;"><span style="background-color: white;">O tom belicista, pessoalmente, incomodou-me - acho-o desnecessário e não acredito que reflicta o que muitos livreiros acham - ainda assim percebo que talvez tenha sido usado mais para efeitos internos de criação de uma união do que para quaisquer outros. </span></span></span></div>
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<div class="x_-1117244249_aok x_-1117244249_7i2m">
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">Pondo essa questão de somenos de lado analiso os pontos indicados:</span><br />
<br /></div>
<span class="x_-1117244249_mh6 x_-1117244249_wsc" id="x_-1117244249cch_f1c8e9ba5db348e">
</span>
<br />
<div style="text-align: right;">
<i><b>1.º Garantia da extensão das medidas governamentais às livrarias independentes</b></i></div>
<div style="text-align: right;">
Extensão
das medidas de apoio à tesouraria que vierem a ser aprovadas pelo
Governo ao comércio em geral e às livrarias independentes em particular,
de modo a garantir que a banca não exclui o pequeno comércio das
candidaturas às linhas de financiamento. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Um objectivo evidente e consciente. A união ajudará certamente a que o pedido ganhe consistência. Infelizmente, contudo, temo, pelos motivos que invoquei no ponto 1. desta minha carta, que possa não chegar.<br />
<br /></div>
<div>
</div>
<div style="text-align: right;">
<i><b>2.º Compras institucionais</b></i></div>
<div style="text-align: right;">
Reforço dos
programas de aquisição de livros e revistas para as bibliotecas
públicas, escolares, ou municipais mesmo em situações de encerramento
temporário forçado — através de consultas preferenciais às livrarias
independentes, de acordo com a sua proximidade e não de acordo com o
preço, que deveria ser o do PVP dos livros ou fixado num desconto mínimo
(máximo de 10%) de modo a facilitar e não impedir a participação destes
livreiros independentes nessas consultas públicas. Todos sabemos que
não é possível exigir dos livreiros descontos que são muitas vezes
iguais ou superiores aos que as condições comerciais praticadas pelas
grandes editoras nos permitem.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Objectivo bonito mas irrealista por vários motivos: a) viola a
legislação da concorrência; b) em termos realistas as livrarias
independentes não têm meios nem conhecimentos suficientes para
satisfazer os requisitos burocráticos inerentes à participação em
processos de aquisição estatais que são tão complexos que quase precisam
de um economista e um advogado na sua concretização; c) nos próximos
anos as bibliotecas e compras em geral de organismos estatais (que já
eram baixíssimas) vão diminuir.</span></span><br />
<br /></div>
<div>
</div>
<div style="text-align: right;">
<span style="background-color: white;"><i><b>3.º Arrendamentos e despejos</b></i></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="background-color: white;">Apoios
financeiros a fundo perdido destinados ao reforço de tesouraria ou ao
pagamento das rendas, em articulação com as medidas que vierem a ser
aprovadas para o comércio em geral para a restauração e hotelaria, para
as micro e pequenas empresas, tendo em consideração que a especulação
imobiliária, principalmente nas grandes cidades, foi a primeira
responsável pelo encerramento de muitas livrarias independentes e do
comércio de proximidade em geral. Nos tempos que virão, esta é uma
cautela que os governos e as autarquias têm que assegurar.</span></div>
<div>
<span class="x_-1117244249highlight" style="background-color: #cbcc00;"><br /></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Esta é uma medida realista que deverá passar pelo reconhecimento de um
estatuto de utilidade cultural que crie regimes de excepção.</span></span><br />
<br /></div>
<div>
</div>
<div style="text-align: right;">
<i><b>4.º Seguro de salários e rendimentos de sócios-gerentes</b></i></div>
<div style="text-align: right;">
Seguros
de salários, ou equivalente, de modo a garantir um rendimento mínimo a
todos e enquanto os efeitos da epidemia durarem. Em caso de <i>layoff</i> ou situação equivalente os rendimentos mínimos devem contemplar,
obrigatoriamente, os sócios-gerentes das micro e pequenas empresas.
Muitas das vezes são esses sócios-gerentes os únicos trabalhadores
efectivos nos estabelecimentos, e a sua sobrevivência depende
exclusivamente do exercício dessa actividade;</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Como para milhares de pequenos negócios (a grande maior parte do nosso tecido comercial e industrial de micro e pequenas empresas justifica-o) faz todo o sentido.</span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"> </span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<b><i>5.º Apoio directo à RELI</i> — <i>Rede de Livrarias Independentes</i></b></div>
<div style="text-align: right;">
Apoio à constituição da Associação RELI, nomeadamente para construção de um <i>site</i> com venda online e georreferenciação das livrarias aderentes à rede, o
qual constituirá o embrião de uma central de compras e de distribuição.
Outros apoios serão apresentados de acordo com o evoluir da situação de
calamidade pública.</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Este pedido está mal orientado: viola as regras básicas da
concorrência. O que a RELI pede nunca poderia ser concedido em regime de exclusividade e o Estado não sustentará empresas. Não é possível pura e simplesmente. O que a RELI deveria ter pedido era apoio estatal
específico para ajuda na candidatura a fundos (europeus e outros) que permitissem realizar
este projecto. Erro de sintaxe ideológica que poderá custar caro. E
falta de visão: este deveria ser o foco principal da acção da RELI porque
é o único que assegura o futuro.</span></span><br />
<br /></div>
<div>
</div>
<div style="text-align: right;">
<i><b>6.º Cumprimento da Lei do Preço Fixo, mesmo em tempos de emergência</b></i></div>
<div style="text-align: right;">
Exigir
o cumprimento da Lei do Preço Fixo, sem subterfúgios nem atropelos,
quer por parte de algumas grandes cadeias de livrarias <i>online</i> — que praticam descontos acima dos permitidos pela lei —, quer pelas próprias editoras — que concorrem com os <i>sites</i> das livrarias através da venda a retalho nos seus próprios <i>sites</i>.</div>
<br />
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Mais um pedido mais enunciado. O ponto que deveria ser fundamental aqui
era um pedido urgente de revisão da lei para que as multas pela
violação da lei do preço fixo fossem efectivamente proibitivas para os
prevaricadores (por exemplo que quem violasse a lei do preço fixo e
fosse apanhado ficasse proibido de vender livros durante um período de
vários meses). Neste ponto, como no anterior, a RELI não pode ficar à espera que o Estado encontre as soluções (nem deveriam querê-lo!). Estas têm de partir de propostas suas. </span></span><br />
<div>
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Aqui quero, contudo, relembrar que sou pessoalmente contra a lei do
preço fixo por uma questão de observação fria das implicações e efeitos
da sua aplicação ao longo de várias décadas no nosso país: nunca funcionou no objectivo que se propôs de defender pequenos livreiros, editores e o leitor. Se alguma
coisa deveria acontecer era uma luta e um pedido de regulamentação legal
do desconto comercial. Esse seria o único mecanismo que efectivamente
protegeria pequenos livreiros, editores e os leitores. E sê-lo-ia porque
era o único mecanismo que abriria portas a um liberalismo comercial
definido dentro de regras comuns, o resto ficaria a cargo da imaginação e
capacidade e risco de cada agente do livro - e os pequenos livreiros aí
tem uma vantagem na agilidade e criatividade que as grandes cadeiras
não terão. Tenho-o defendido ao longo dos anos e a minha opinião encontra-se expressa e declarada em diversos textos espalhados pela internet e não só.</span></span><br />
<br /></div>
<div>
</div>
<div style="text-align: right;">
Quanto às medidas <i><b>estruturais</b></i> que propomos
para discussão, consideramos que, a seu tempo, teremos obrigatoriamente
que as discutir franca e abertamente no sentido de evitarmos, de vez,
alguns dos procedimentos que impedem as boas práticas da concorrência,
nomeadamente:</div>
<div style="text-align: right;">
<b>a)</b> Feiras do Livro: facilitar a participação dos livreiros independentes, fiscalizar a aplicação de descontos ilegais.</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">A primeira parte da reclamação acima soa-me a violação da lei da
concorrência e acima de tudo é fruto de uma palermice histórica que
consiste no facto (historicamente justificado mas hodiernamente
irrealista) de as livrarias e editoras estarem representadas na mesma
associação profissional.</span></span></div>
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="background-color: white;"><b>b) </b>Fiscalização da actividade comercial de venda a
retalho de livros, através do IGAC e da ASAE: prática de descontos
pontuais acima do permitido e de promoções de duração superior ao
estipulado na Lei do Preço Fixo, quer em algumas redes de livrarias
(físicas ou <i>online</i>) quer em outros pontos de venda de livros.</span></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Sobre isto já me pronunciei atrás.</span></span></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<b>c)</b> Livro Escolar: a venda ao público feita directamente pelas editoras de livro escolar, os <i>vouchers</i> do Ministério da Educação que deveria ter sido uma medida para apoiar a rede livreira e afinal não foi.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Este ponto envolve um sistema há muito corrompido e que, por sua vez, envolve verbas
monstruosas. É uma luta que me parece há muito perdida salvo num
processo judicial devidamente fundamentado. É, creio, uma luta muito
para lá da capacidade actual e imediatamente futura da RELI. O que, note-se, não lhe retira validade e justa causa.</span></span><br />
<br /></div>
<div>
</div>
<div style="text-align: right;">
<b>d)</b> Instalação de novas livrarias, e das que vierem
eventualmente a ser despejadas quando terminar o estado de emergência e
de calamidade pública, em edifícios que sejam propriedade do Estado, das
Autarquias e de Fundações ou Instituições privadas dependentes do OE.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Ideia curiosa mas que teria de ser melhor estruturada e deveria passar
por um plano abrangente das RELI para assumirem, por exemplo, as
livrarias da rede de Museus públicos. Algo que só faria sentido a partir
do momento em que a RELI conseguisse concretizar a sua central de
compras e um conjunto de mecanis<span style="background-color: white;">mos centralizados que a mim me parecem
dever ser o foco principal mais urgente e importante da RELI.</span></span></span><span class="x_-1117244249highlight" style="background-color: #cbcc00;"><span style="background-color: white;"> Fora isso a questão da preferência na ocupação desses espaços pode ser nova violação das leis ca concorrência...</span></span><br />
<br /></div>
<div>
</div>
<div>
</div>
<div>
<span class="x_-1117244249highlight" style="background-color: #cbcc00;"><b><span style="background-color: white;">4. Em súmula: </span></b></span></div>
<div>
<span class="x_-1117244249highlight" style="background-color: #cbcc00;"><br /></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Encontro na carta da RELI várias boas ideias mas muitas outras que me parecem uma vontade de encaminhar as livrarias independentes para um estado de livrarias dependentes como já acontece em demasiados sectores da cultura em Portugal. Isso é preocupante porque a mais-valia de uma livraria independente é ser... independente.</span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Retomando o ponto fundamental e na perspectiva do editor chamo a atenção para que
estruturar planos e propostas tem de ser uma prioridade imediata da RELI
porque assim que actividade retome os livreiros não terão tempo - como
não tinham antes. Chamo também a atenção para uma dificuldade que
antecipo desde já e que tem de passar por um código de princípios comum
às RELI para justificarem o posicionamento de mercado que pretendem pois
alguns dos membros da RELI têm históricos de incumprimento de
pagamentos tremendos (felizmente são poucos no total dos membros)*. A
RELI só será levada a sério no mercado se criar mecanismos e princípios
comuns e os cumprir. Sem isso será um amálgama de intenções mas não
passará daí.</span><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Não
é isso que desejo da RELI na qual vários membros são clientes da minha
editora e de cujos alguns membros sou eu pessoalmente cliente.</span></span><br />
<br /></div>
<div>
</div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Se estas notas puderem ser úteis e ajudar, ficarei contente. Espero que a RELI se torne uma realidade pujante e poderosa mas não a quero ver dependente. </span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Bem-hajam e contem comigo no que me for possível,</span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Hugo Xavier</span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Editor</span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">* Quero aqui clarificar a questão que aponto: há um número, felizmente reduzido, de entre os livreiros que integram a lista de membros da RELI que têm um histórico - muitas vezes orgulhosamente assumido - de incumprimentos em termos de prazos de pagamento. Há também entre os membros da Rede de Livreiros Independentes livreiros que não são independentes pois contam com apoios estruturais camarários e outros e vivem a suas expensas - curiosamente parece coincidir nesses a maior percentagem de incumprimentos em prazos de pagamento (percebem a minha preocupação em que a RELI não passe a viver dependente?).</span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight"><br /></span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span class="x_-1117244249highlight">Por último uma questão que me deixa sempre inseguro: o que é uma livraria independente? A Bertrand não é uma cadeia de livrarias independente, a Joaquim Machado S.A. não o é? O conceito de independência é-vos perigoso. Uma rede de pequenos livreiros é algo que mais sentido mas isto, claro, são questões de pormenor...</span></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-57982522931570509842019-08-10T13:07:00.001+01:002019-08-10T13:07:25.075+01:00Os editores portugueses por Serafim Ferreira<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-_MlYSizHeAs/XU6uePnyIiI/AAAAAAAAmwg/IQCS8e3_YhkDFxzn35bMcRHVI3CmM_hJQCLcBGAs/s1600/OLHAR-DE-EDITOR12.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="346" data-original-width="500" src="https://1.bp.blogspot.com/-_MlYSizHeAs/XU6uePnyIiI/AAAAAAAAmwg/IQCS8e3_YhkDFxzn35bMcRHVI3CmM_hJQCLcBGAs/s1600/OLHAR-DE-EDITOR12.jpg" /></a></div>
<br />
Pedro Piedade Marques continua o seu excepcional trabalho de recolha de materiais sobre a história da edição recente em Portugal. Depois da publicação da <a href="http://www.montag.com.pt/editorcontra.html" target="_blank">fotobiografia sobre Fernando Ribeiro de Mello</a> (Edições Afrodite de sua fama), republica o livro «<a href="http://www.montag.com.pt/olhardeeditor.html" target="_blank">Olha de Editor</a>» do editor Serafim Ferreira (1939-2015) em edição revista e aumentada.<br />
<br />
Nesse livro, originalmente publicado em 1999, Serafim Ferreira traça pequenos esquissos (pequenos mas precisos e preciosos) sobre os editores portugueses que fizeram o século XX da edição nacional. Os realmente relevantes, os realmente marcantes.<br />
<br />
Tirando estes editores poucos ficam que valha mencionar. Aliás a necessária menção de outros editores deve-se mais a inovação logística ou técnica mais do que a uma ideologia e/ou a um conceito editorial. Daí não aparecerem nesta edição referidos os nomes de Lyon de Castro ou Cruz Santos entre alguns mais. Daí também não os editores que fizeram a edição portuguesa mas cuja obra começou no século XIX (Francisco Franco, Davide Corazzi, António Maria Pereira, etc.).<br />
<br />
Num país em que a memória de qualquer área de negócio é tratada com desdém e desinteresse, este livro é uma pérola para uma área em que parece haver ainda menos memória do que em muitas outras.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-26738458807629699912016-06-17T23:26:00.000+01:002016-06-17T23:54:49.291+01:00Henrique Mota preside à Federação Europeia de Editores<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-vRKAbGyd8_Y/V2Rz5VYm2tI/AAAAAAAABX8/Qx2WWCCUx34iUYMfkf17yu504MNXPGxlACLcB/s1600/Federation%2Bof%2BEuropean%2BPublishers%2B%2528FEP%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="133" src="https://1.bp.blogspot.com/-vRKAbGyd8_Y/V2Rz5VYm2tI/AAAAAAAABX8/Qx2WWCCUx34iUYMfkf17yu504MNXPGxlACLcB/s400/Federation%2Bof%2BEuropean%2BPublishers%2B%2528FEP%2529.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Editor independente que em 1997 fundou a Princípia
Editora, e livreiro também independente, na Ferin, desde 2011, Henrique Mota assumiu hoje a presidência da Federação
Europeia de Editores (FEP) de que era vice-presidente desde 2014..<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 11.0pt;">A Lusa divulga a notícia, os media replicam-na e a
APEL congratula o novo presidente da FEP. Mas a eleição justifica muito mais do
que notícias, declarações e entrevistas.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Os profissionais, as instituições públicas e as restantes entidades que actuam
no mundo do livro em Portugal devem, precisam, entender esta <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>escolha interpares de uma forma bastante mais
abrangente e profunda do que a honra de ter um português numa posição internacional
que prestigia a edição e a cultura portuguesas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 11.0pt;">A Federação Europeia de Editores agrega 28 associações
de editores dos mais diversos países europeus, produz relatórios e informações
estatísticas relevantes para a indústria do livro e assume posições da maior
importância para defesa da primeira das indústrias culturais na Europa com um
volume de negócios de perto de 22 biliões de euros. A FEP é especialmente activa no que se
refere </span><span style="font-size: 15px;">à divulgação do livro, à promoção de hábitos de leitura, à</span><span style="font-size: 11.0pt;"> salvaguarda de direitos de autor, à contenção de impostos sobre todo o tipo de suporte de leitura, e em tudo quanto
signifique diversidade, pluralidade e democratização do acesso à informação e
ao conhecimento através do livro, incluindo o importante papel desempenhado pelos protagonistas independentes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 11.0pt;">É-me grato salientar o empenhamento, o entusiasmo e a
eficácia com que Henrique Mota tem vindo, de há muito, a representar a APEL e a
defender os interesses dos profissionais do livro em Portugal junto das mais
diversas instâncias internacionais. Posso testemunhar com isenção o mérito do
trabalho e dos resultados que tem obtido, porquanto nem sempre, nem em tudo,
estivemos ou estamos em completa convergência de ideias; mas sempre temos
mantido uma relação frontal, aberta e séria que me permite não ter qualquer
dúvida de que o exigente mandato que agora inicia não se limitará a um <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mero exercício de prestígio pessoal, mas sim
ao desbravar de caminhos que reforcem<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o
sector. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
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<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 11.0pt;">É tempo propício para os profissionais do livro em
Portugal porem de lado as diferenças que os separam e, concentrando-se no
essencial dos muitos interesses que têm em comum, se envolverem activamente,
por via do movimento associativo, nas oportunidades que esta eleição pode
propiciar para acrescentar valor à edição e comércio livreiro. É também momento
certo para as instituições públicas que tutelam o livro no nosso país e as restantes
entidades que o tomam como instrumento privilegiado de desenvolvimento
sociocultural, juntarem esforços no sentido de robustecer e dignificar o
conjunto de acções que levam à sua divulgação junto do público leitor e ao fomento
do interesse pela leitura por parte de novos públicos.<o:p></o:p></span></div>
Rui Bejahttp://www.blogger.com/profile/16692370674770404937noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-91546124294951925202016-06-15T13:05:00.000+01:002016-06-17T23:52:47.828+01:00A edição contemporânea na Iberoamérica<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<img border="0" height="400" src="https://3.bp.blogspot.com/-xgmmh-0xhTk/V2FAAl8ifzI/AAAAAAAABXk/TZ5pAEbL67wYJU1e5ue5_2qoI2HWl4NxwCLcB/s400/Edic%25CC%25A7a%25CC%2583o%2Be%2Brecec%25CC%25A7a%25CC%2583o%2Bdo%2Blivro%2Bna%2BIberoame%25CC%2581rica%2B%2528cartaz%2529.png" width="283" /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Apresentação e programa do <b>Simpósio Internacional</b> que visa fazer um ponto da situação a partir dum olhar multidisciplinar assente na apresentação de comunicações por especialistas nesta temática, podem ser consultados <span style="color: blue;"><a href="http://www.cham.fcsh.unl.pt/ac_actividade.aspx?ActId=461">aqui</a>.</span></div>
Rui Bejahttp://www.blogger.com/profile/16692370674770404937noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-24504072995823995412016-04-17T19:03:00.002+01:002016-04-19T12:08:12.814+01:00Festival Literário da MadeiraComo aqui há uns tempos referi, fui convidado pela primeira vez para um festival literário. Apesar de geralmente fugir deste tipo de eventos porque os vejo geralmente como espaços de divulgação do universo literário (que não ficaria propriamente mais enriquecido pela minha presença) e porque sou um pouco anti-social (lá o dizia a minha mãezinha), aceitei este convite simplesmente porque havia uma mesa de editores com um tema que acho essencial que seja tratado de forma aberta: na maior parte do pouco debate que se faz em torno do livro e da edição em Portugal raramente se discute de forma aberta critérios e processos editoriais de escolha e tratamento de originais o que leva a que os escritores, e muitas vezes o público, vejam os editores como uma espécie de bicho-papão.<br />
<br />
Depois de ter aceite o convite feito pelo Mário Rufino, chegou-me à atenção o texto da Joana Emídio Marques. Como sei que não pertenço a nenhum "grupo" (apesar de não estar "contra" ninguém - que para muita gente parece ser a única alternativa a "pertencer"); porque havia pessoas que admiro (o Afonso Cruz que encontro raramente mas com quem tenho sempre excelentes conversas e troca de recomendações literárias, para além de ser das pessoas mais lúcidas que conheço a falar de religião), a Cláudia Clemente (que publiquei na Ulisseia e com quem me divirto sempre imenso), a Ana Cássia cuja escrita, sobriedade e desassombro acho raras, o Nuno Seabra Lopes com quem é sempre um prazer falar de edição... lá fui eu.<br />
<br />
Numa nota algo egoísta, devo também confessar que, apesar de já ter andado por quase todo o Portugal, a Madeira era ainda solo virgem para mim.<br />
<br />
Os meus três dias de Festival Literário da Madeira deram-me o prazer de rever muita gente que não via há muito tempo e vários jornalistas que praticamente apenas conheço de trocas de<i> e-mails</i> e alguns telefonemas. Assisti a sessões quase todas interessantes. Passeei de manhã bem cedo pelo Funchal a pé (à procura de nozes de Macadâmia), uma cidade bonita cheia de gente simpática. E lá estive no meu painel a falar do que acho importante - infelizmente sem a presença da Clara Capitão que eu queria conhecer mas que não conseguiu chegar devido às más condições atmosféricas.<br />
<br />
Se alguma coisa tenho de criticar é que acho que as sessões - com um moderador e 4 convidados - deveriam ter maior duração. Os temas eram abrangentes e complexos demais para tão pouco tempo.<br />
<br />
Faltou também alguma relação com escritores residentes locais - também não sei se haverá muitos.<br />
<br />
Fiquei impressionado pelo bastante público que afluiu e gostei bastante de saber que os escritores tinham ido, durante a semana, a várias escolas.<br />
<br />
Aquilo que temia, vindo de fora, era que o Festival fosse algo muito feito para consumo próprio e isso garantidamente não foi. Houve público e diálogo com esse público.<br />
<br />
Há muitos anos que escrevo que o que falta em Portugal na área do livro é uma política e/ou campanha continuada de promoção do livro e da leitura. Ocorre-me que, independentemente dos diferentes organizadores, pode criar-se uma rede de festivais literários e de eventos a eles associados - já que do governo nada há a esperar. Um conjunto de festas do livro que associem, para além da convivência com os grandes escritores, eventos de promoção da leitura para crianças, a<i> workshops </i>de escrita ou de contar histórias, aquilo que, afinal, é essencial para se ganharem novos públicos: uma educação continuada para a escrita e para a leitura.<br />
<br />
Em todos os festivais faltam eventos para a infância e juventude, que incentivem a leitura e a escrita (não separadamente mas em conjunto).<br />
<br />
Aqui há uns anos não havia quase nada. O que há agora é muito melhor do que nada. Claro que pode melhorar, sim. Mas como em tudo, demorará tempo.<br />
<br />
Se há alguma máquina de controle ou grupos instalados, até é possível. Eu diria que é natural. Acontece em todos os eventos culturais cá e no estrangeiro (e não apenas nos literários). São questões inevitáveis mas só seriam criticáveis se tivéssemos uma alternativa interessada em ser alternativa e nós por cá, na nossa literatura, não temos.<br />
<br />
Os efeitos nefastos também me parecem diminutos, precisamente porque os escritores alternativos portugueses são, intencionalmente, <i>alternativos </i>e escrevem, geralmente, para públicos alternativos. Gostariam eles de ser convidados? Viriam eles aos festivais? Será simples criar uma mesa com escritores não <i>mainstream?</i> O público alternativo afluiria aos Festivais?<i><br /></i><br />
<br />
Que intervenção têm, querem ou podem ter os escritores, editoras, agentes do meio que não estão habitualmente nos festivais? O Festival Literário da Madeira é promovido por uma pequena editora, a Nova Delphi. Não me parece muito absurdo ou sequer improvável que escritores, editoras e outros agentes "alternativos" possam apresentar sugestões, ideias, propostas aos Festivais já existentes ou a municípios que ainda os não alberguem.<br />
<br />
Se a Booktailors organiza muitos deles... haverá outra entidade/empresa com capacidade para o fazer? Se sim, porque não o faz?<br />
<br />
Resumindo: eu não notei nenhum indício evidente de um possível<i> complot</i> (provavelmente precisaria de ir a muitos mais festivais para notar os padrões que a Joana identifica). Mas mesmo que o tivesse identificado, conhecendo o nosso meio editorial como conheço, pergunto-me se há oposição interessada em ser oposição e pergunto isto porque tradicionalmente em Portugal é fácil falar-se mal mas raramente quem o faz tem vontade ou capacidade de ser alternativa eficaz e concreta.<br />
<br />
Quanto ao FLM, fui bem tratado pela organização a quem agradeço a oportunidade de falar daquilo que acho importante falar; fiquei contente com a muito boa afluência e interesse do público em geral. Adorei o Funchal e só não consegui mesmo foi encontrar as nozes de Macadâmia.<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-29424575191345002882016-04-12T10:57:00.000+01:002016-04-12T10:57:10.997+01:00História Universal da Pulhice Humana<a href="http://2.bp.blogspot.com/-2MHi1hPODjI/VwzF9U_KuzI/AAAAAAAABYs/ZtgEm6GO1l8AgKwxcEKwkptnnWYiSfmYwCK4B/s1600/Universal.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="320" src="https://2.bp.blogspot.com/-2MHi1hPODjI/VwzF9U_KuzI/AAAAAAAABYs/ZtgEm6GO1l8AgKwxcEKwkptnnWYiSfmYwCK4B/s320/Universal.jpg" width="209" /></a><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">HISTÓRIA UNIVERSAL DA PULHICE HUMANA, Vilhena</span><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">E-Primatur, 17,90€<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Editor: Hugo Xavier<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Capa: José Vilhena / Design: Paper Talk<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Produção: Papelmunde<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Às coisas que são boas convém não mudar, para não
estragar. Foi assim que se re-publicou a “História Universal da Pulhice Humana
– edição completa, integral e nunca censurada dos três volume originais:
Pré-história / O Egipto / Os Judeus”. Versão facsimilada, procurou manter a
mancha e layout originais dos livros ilustrados, incluindo uma mesma opção similar
de papel, com aquele contraste e sujidade típicos, mas obtendo uma qualidade
surpreendente em termos de opacidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">De um ponto de vista editorial, nada há a registar,
pois a obra surge-nos como Vilhena a pôs no mundo, sendo de apreciar o cuidado
da E-Primatur com as guardas ilustradas e o facto de ter optado por coligir a
obra em cartonado com transfil e fitilho, algo inesperado numa obra de Vilhena,
mas que calculo que o próprio teria gostado de fazer, se assim lhe tivesse sido
permitido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Pessoalmente gostaria que a autobiografia, a
introdução e as folhas de rosto tivessem mantido uma linha gráfica similar ao
resto do livro, optando-se pela mesma fonte, apesar de compreender que a
editora terá pretendido manter o seu registo habitual e fazer a diferença entre
facsímile e conteúdos novos de forma clara e inteligível.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">A produção não tem problemas a registar, excepto um
ligeiríssimo desacerto na guilhotinagem da guarda (algo que deverá apenas
ocorrer em alguns dos livros), o que é mesmo uma coisa de </span><span style="font-size: 16px; line-height: 17.1200008392334px;">picuinhas</span><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"> e não
interessa a ninguém.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Acima de tudo, este livro presta um serviço público a
uma das mais interessantes personagens do século XX português, um autor,
ilustrador, e editor com todas as letras a que tem direito, que influenciou
toda uma estética de humor e de ilustração e que vê, neste livro, uma muito,
mas mesmo muito justa homenagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Deixo igualmente a nota que esta é uma crítica
especial. Desde logo porque critico uma obra de um colega não só de profissão,
mas também de blog, o que fará com que ele possa ir lá apagar o post caso não
goste, para além de me colocar a jeito para vir ele criticar os meus. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Nuno Seabra Lopes, editor e consultor editorial<o:p></o:p></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-15304141344059735692016-03-29T18:11:00.001+01:002016-03-29T18:11:42.973+01:00António Abreu - Por Flamarion Maués<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 0cm;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-size: 16.0pt;">Criador de editoras em Portugal e no Brasil,<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 0cm;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-size: 16.0pt;">morreu o editor António Abreu<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 0cm;">
<span lang="PT-BR" style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Por Flamarion
Maués, de São Paulo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Faleceu hoje, 20 de março de 2016, em São
Paulo, o editor português António Daniel Abreu, criador das editoras Cadernos
Para o Diálogo (1971), Textos Marginais (1972), Rés (1975) e Nova Crítica
(1975), todas sediadas na cidade do Porto. Em 1986 ele mudou-se para São Paulo,
onde vivia desde então, também exercendo a profissão de editor, à frente da
editora Landy. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">A notícia foi dada por sua companheira, Linda
de Lima, pelo Facebook.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Conheci e entrevistei Abreu em 2012, quando
escrevia minha tese de doutorado sobre as editoras políticas portuguesas do
período do marcelismo e do 25 de Abril, já que suas duas primeiras editoras
tiveram destacado papel na oposição à ditadura portuguesa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">É uma perda lamentável, sem dúvida. Abreu
foi uma pessoa que dedicou sua vida à edição e aos livros, merece todo o nosso
respeito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">A título de homenagem, reproduzo abaixo os
trechos do meu trabalho que tratam das editoras Cadernos Para o Diálogo e
Textos Marginais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<span lang="PT-BR" style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<span lang="PT-BR" style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><span style="font-size: xx-small;">Para que quiser ver a tese na íntegra, ela está disponível na
internet: SILVA, Flamarion Maués Pelúcio Silva. <i>Livros que tomam partido: a edição política em Portugal, 1968-80</i>. Tese de doutorado em História,
Universidade de São Paulo, 2013. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-07112013-131459/en.php>.</span></span><span lang="ES-TRAD" style="line-height: 150%; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-size: 16.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Duas editoras contra a ditadura<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span lang="PT-BR">Flamarion Maués<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span lang="PT-BR">(</span><span lang="PT-BR"><a href="mailto:flamaues@gmail.com">flamaues@gmail.com</a></span><span lang="PT-BR">)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<b><span lang="PT-BR">Cadernos Para o Diálogo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span lang="PT-BR">Porto<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span lang="PT-BR">Editor: António
Daniel Abreu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span lang="PT-BR">Início das edições:
1971.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span lang="PT-BR">Distribuição:
Livraria Paisagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 0cm;">
<span style="line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shapetype id="_x0000_t75" coordsize="21600,21600"
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id="Imagem_x0020_9" o:spid="_x0000_i1033" type="#_x0000_t75" alt="DISCO D - AS MINHAS IMAGENS 653"
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<v:imagedata src="file:///C:\Users\Nuno\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image005.jpg"
o:title="A questao do alojamento1"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span><span style="background: black; border: 1pt none black; font-size: 0pt; line-height: 150%; padding: 0cm;"> </span><span style="line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shape id="Imagem_x0020_7" o:spid="_x0000_i1031"
type="#_x0000_t75" alt="DSCF2973" style='width:81pt;height:130.5pt;
visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\Nuno\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image007.jpg"
o:title="DSCF2973"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-9Om4ZGjf8Hc/Vvq1TPQzhaI/AAAAAAAABXQ/mLY_0KRGSwIxEWwMnzw5qown_EpPffRiQ/s1600/imag%2B1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://1.bp.blogspot.com/-9Om4ZGjf8Hc/Vvq1TPQzhaI/AAAAAAAABXQ/mLY_0KRGSwIxEWwMnzw5qown_EpPffRiQ/s200/imag%2B1.jpg" width="139" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-0_yc4p1SyMs/Vvq1TPGs84I/AAAAAAAABXU/ydJCoW_U2NcwjqUin5ElBmN_LC8juR8Mg/s1600/imag%2B2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a><img border="0" height="200" src="https://1.bp.blogspot.com/-0_yc4p1SyMs/Vvq1TPGs84I/AAAAAAAABXU/ydJCoW_U2NcwjqUin5ElBmN_LC8juR8Mg/s200/imag%2B2.jpg" width="145" /><a href="https://3.bp.blogspot.com/-Y_n5i8N3gt4/Vvq1TFa3gPI/AAAAAAAABXY/yDsB1CZaLpoo4HKCmP6H81IaUh-LM9cJA/s1600/imag%2B3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://3.bp.blogspot.com/-Y_n5i8N3gt4/Vvq1TFa3gPI/AAAAAAAABXY/yDsB1CZaLpoo4HKCmP6H81IaUh-LM9cJA/s200/imag%2B3.jpg" width="125" /></a><a href="https://3.bp.blogspot.com/-iNlC1SHSYZY/Vvq1TfJfV1I/AAAAAAAABXc/XJGVL4tuR4wGVGIgONF0tvMbwn57Xbfzw/s1600/imag%2B4.jpg" imageanchor="1" style="display: inline !important; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="200" src="https://3.bp.blogspot.com/-iNlC1SHSYZY/Vvq1TfJfV1I/AAAAAAAABXc/XJGVL4tuR4wGVGIgONF0tvMbwn57Xbfzw/s200/imag%2B4.jpg" width="123" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
Editora criada em 1971 por António Daniel
Abreu na cidade do Porto. Sua origem relaciona-se à atividade profissional de
Abreu na Editora Paisagem (ver item sobre esta editora no Capítulo 11), onde
ele trabalhava no setor de vendas.<br />
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Abreu tinha ligações com setores católicos
progressistas, que faziam oposição à ditadura, e tinha feito parte da Juventude
Operária Católica (JOC) e do Gedoc (Grupo de Estudos e Intercâmbio de Documentos,
Informações, Experiências<span style="background: white; color: #222222;">). O nome
da editora foi inspirado na revista espanhola </span><i><span style="background: white;">Cuadernos para el Diálogo</span></i></span><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="background: white; color: black; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span class="apple-converted-space"><span lang="PT-BR" style="background: white; line-height: 150%;">, que circulou entre 1963 e 1978
e vinculava-se inicialmente ao pensamento democrata-cristão, “evoluindo para
posições próximas à centro-esquerda, para terminar, em sua última fase, com um
jornalismo de corte socialista”</span></span><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="background: white; color: black; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR" style="background: white;">. O mesmo grupo que editava a
revista criou na Espanha, em 1965, uma editora com o mesmo nome</span><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="background: white; color: black; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR" style="background: white;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="background: white; color: #222222;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="background: white; color: #222222;">Depois
que saiu da Paisagem, no começo da década de 1970, Abreu foi trabalhar na editora
Inova, de José Cruz Santos, também no Porto. Lá ficou pouco tempo, pois decidiu
começar a editar por conta própria. “C</span><span lang="PT-BR">omecei a editar
em 1971. Eu tinha 19 anos, então a minha mãe teve que me dar a emancipação,
pois eu era menor de 21 anos”, conta Abreu</span><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Bitstream Vera Sans"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 1.5pt;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR">, que desde 1986 vive no Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">“O Abreu, do seu trabalho de vendas,
percebeu que havia espaço para fazer publicações de orientação oposta ao
regime, que condiziam com os sentimentos dele de opositor da ditadura, e
começou a fazê-las, com todo o atrevimento e ingenuidade”, lembra João Barrote</span><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Bitstream Vera Sans"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 1.5pt;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR">, que trabalhou com Abreu na Editora Paisagem e depois colaborou com
ele na editora Textos Marginais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">A primeira editora criada por António
Daniel Abreu foi a Cadernos Para o Diálogo, que editou seis títulos em 1971.
Entre os autores estavam Marx (<i>Trabalho
assalariado e capital</i>), Engels
(<i>A
questão do alojamento</i>), D.
Helder Câmara (<i>Espiral de violência</i>)
e Aime Césaire (<i>Discurso sobre o
colonialismo</i>). Este último livro, em particular, “era uma afronta para o
regime, porque a palavra colonialismo tinha sido banida em Portugal”, lembra
Abreu. Os outros dois títulos publicados foram </span><i><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O
império Rockefeller</span></i><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> e <i>Comuna de Paris 1871</i>,
de Prosper Ollivier Lissagaray.</span><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Tais lançamentos não passaram despercebidos
pela polícia política. Abreu recorda que:<o:p></o:p></span></div>
<div class="Recuodecorpodetexto22">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="Recuodecorpodetexto22">
<span lang="PT-BR">A Cadernos Para o Diálogo
publicou livros, digamos, muito avançados, a polícia política, a PIDE/DGS, veio
em cima de mim, apreendeu tudo, fizeram um processo, e eu tive que parar com
aquilo porque não tinha mais condições. Qualquer livro que saísse eles vinham
em cima de mim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Um bom exemplo dessa perseguição foi a
censura ao livro <i>Discurso sobre o
colonialismo</i>, de Aime Césaire. O texto foi retirado da revista francesa <i>Présence africaine</i>, trazida
clandestinamente para Portugal por membros do PCP. O livro começou a ser
distribuído no dia 6 de dezembro de 1971 e dois dias depois já era de
conhecimento da PIDE/DGS<a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Bitstream Vera Sans"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 1.5pt;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Abreu diz que “neste caso foram informadores infiltrados na gráfica que terão
entregue uma cópia do livro directamente às autoridades quando este estava
pronto para ser distribuído”<a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Bitstream Vera Sans"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 1.5pt;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">O relatório da DGS sobre o livro é curto e
direto: “O autor é negro, comunista e foi em tempos deputado francês. Trata-se
duma diatribe contra a civilização ocidental, numa pseudo defesa das
civilizações negra, oriental e índia. Para proibir”<a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Bitstream Vera Sans"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 1.5pt;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Para tentar escapar à perseguição e ao
estigma que a Cadernos Para o Diálogo tinha criado junto à PIDE, Abreu resolveu
encerrá-la e iniciar uma outra editora. “Foi quando eu comecei a Textos
Marginais, com uma proposta diferente, mais aberta”, diz Abreu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Assim, a existência da Cadernos Para o
Diálogo foi curta, cerca de um ano apenas, com seis títulos publicados, todos
com padrão gráfico e editorial profissional e distribuídos pela Livraria
Paisagem. A editora foi vítima das perseguições policiais e da censura da
época, que acabaram por inviabilizar a sua continuidade. Dito de outra forma, a
editora “[...] desapareceu somente por motivos coercitivos”</span><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Bitstream Vera Sans"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 1.5pt;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Abreu criou mais três editoras em Portugal
– Textos Marginais, Rés e Nova Crítica –, sempre no Porto. Em 1986 mudou-se
para São Paulo, onde vive desde então, também exercendo a profissão de editor,
à frente da editora Landy. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent3" style="text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent3" style="text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<b><span lang="PT-BR">Textos Marginais<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span lang="PT-BR">Porto<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span lang="PT-BR">Editor: António Daniel Abreu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span lang="PT-BR">Início das edições: 1972.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span lang="PT-BR">Distribuidor: Dinalivros /
Brasil: Martins Fontes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-vbX30pMMmNE/Vvq2HvWoywI/AAAAAAAABXs/ibqVdUs6pjMw0j73AmABaY7AHgB7ZSTcQ/s1600/Am1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://2.bp.blogspot.com/-vbX30pMMmNE/Vvq2HvWoywI/AAAAAAAABXs/ibqVdUs6pjMw0j73AmABaY7AHgB7ZSTcQ/s200/Am1.jpg" width="100" /></a></div>
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-e_TPuSo0J7k/Vvq2Hod_jsI/AAAAAAAABXw/KCpkzIR2_ncy6wpE3GxaXzX-4gbnD-vEA/s1600/Am4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://1.bp.blogspot.com/-e_TPuSo0J7k/Vvq2Hod_jsI/AAAAAAAABXw/KCpkzIR2_ncy6wpE3GxaXzX-4gbnD-vEA/s200/Am4.jpg" width="102" /></a><a href="https://4.bp.blogspot.com/-NMd3R6HUk4M/Vvq2HtRSzzI/AAAAAAAABXo/V4moJpGnWNAsT0whR-fpMizuvGnRO3v3Q/s1600/Am2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://4.bp.blogspot.com/-NMd3R6HUk4M/Vvq2HtRSzzI/AAAAAAAABXo/V4moJpGnWNAsT0whR-fpMizuvGnRO3v3Q/s200/Am2.jpg" width="100" /></a><a href="https://2.bp.blogspot.com/-M685HvZIdE0/Vvq2HvopEHI/AAAAAAAABXk/qh2bRATH8TQgZHhx7vcnATjYBJURPZETw/s1600/Am3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://2.bp.blogspot.com/-M685HvZIdE0/Vvq2HvopEHI/AAAAAAAABXk/qh2bRATH8TQgZHhx7vcnATjYBJURPZETw/s200/Am3.jpg" width="98" /></a><br />
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Editora criada por António Daniel Abreu na
cidade do Porto, em 1972, para dar continuidade à sua atividade de editor.
Abreu havia criado no ano anterior a editora Cadernos Para o Diálogo, que havia
tido muitos problemas com a polícia política e a censura, devido aos títulos
publicados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">A criação da Textos Marginais foi a forma
encontrada por Abreu para tentar escapar a esta perseguição, já que qualquer
título que viesse a ser publicado pela Cadernos Para o Diálogo estava fadado à
censura e à apreensão. O nome da nova editora parece ter sido inspirado pela
coleção Cuadernos Marginales, da Editorial Tusquets, de Barcelona, criada em
1969</span><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Bitstream Vera Sans"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 1.5pt;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR">. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Os livros editados pela Textos Marginais se
caracterizavam pelo marcado caráter político e ideológico ligado ao pensamento
transformador, de esquerda e marxista, mas não tocavam diretamente na questão
colonial, que, na opinião de Abreu, era o ponto que mais incomodava o regime.
Diz ele:<o:p></o:p></span></div>
<div class="Recuodecorpodetexto22">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="Recuodecorpodetexto22">
<span lang="PT-BR">Antes do 25 de Abril havia uma
“liberdade vigiada” pela polícia política. Os livros eram isentos de censura
[prévia], mas eram apreendidos quando ultrapassavam as barreiras da “legalidade”
imposta. Havia algumas coisas que eles não permitiam de jeito nenhum. Em
relação aos clássicos, Marx, Engels, a perseguição não era tão grande, mas as
coisas ligadas aos movimentos coloniais eles não perdoavam de jeito nenhum.<a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 1.5pt;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Antes do 25 de Abril a Textos Marginais publicou
livros como: </span><i><span lang="PT-BR">O sistema irracional</span></i><span lang="PT-BR">, de Paul Baran e
Paul Sweezy (1972); <i>A guerra civil de
Espanha</i>, de Andrés Nin (1972); <i>Contribuição
para a história do cristianismo primitivo</i>, de </span>Karl Marx e
Friedrich Engels <span lang="PT-BR">(1972);
<i>Os cristãos e a libertação dos povos</i>,
de Yves Jolif e outros (1972); <i>Uma
educação para a liberdade</i>, de Paulo Freire (1972); <i>Discurso sobre as artes e as ciências</i>, de Jean-Jacques Rousseau
(1972); <i>O novo mundo industrial e
societário e outros textos</i>, de Charles Fourier (1973); e <i>Império e imperialismo americano</i>, Celso
Furtado e outros (1973).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">António Abreu recorda que:<o:p></o:p></span></div>
<div class="Recuodecorpodetexto22">
<span lang="PT-BR">Os livros da Textos Marginais
eram um sucesso. Quando fiz o primeiro eu tinha um certo receio, porque a
polícia vinha sempre em cima de mim, então eu comecei com 1.500 exemplares, que
já saíam praticamente vendidos. Aí eu fui aumentando a tiragem até que chegou a
10 mil a tiragem inicial. E vendia tudo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">A partir do quinto ou do sexto livro
editado, Abreu passou a contar com a assessoria de João Barrote, com quem havia
trabalhado na Editora Paisagem, e que e</span><span lang="PT-BR">m 1973 criou as Publicações </span><span lang="PT-BR">Escorpião/Textos Exemplares. Barrote fazia a supervisão das
traduções e também indicava textos para edição. “Mas a grande maioria era eu
mesmo que selecionava”, afirma Abreu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Os recursos investidos na editora eram de
Abreu. “Na verdade o investimento era quase nulo, porque os livros já saíam
quase todos vendidos”, diz ele. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Um dos maiores sucessos da editora foi o
livro <i>O combate sexual da juventude</i>,
de </span><span lang="PT-BR">Wilhelm
Reich, publicado em 1972, que vendeu quase </span><span lang="PT-BR">30 mil
exemplares. “Quando eu resolvi editar este livro todo mundo disse que eu estava
louco, que eu seria preso, mas resolvi editar assim mesmo. Foi um sucesso,
vendeu uns 20 mil, 30 mil exemplares. Eu tirei os primeiros 5 mil e vendeu tudo
em 24 horas”, lembra Abreu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">“Com a Textos Marginais os problemas com a
censura e a PIDE/DGS foram poucos”, diz. Ele lembra que teve problemas em 1972,
quando uma nova Lei de Imprensa reforçou a exigência de registro na Secretaria
de Estado da Comunicação Social para se poder editar. “Como eu não estava
inscrito lá, eles fizeram um processo por conta do livro <i>A medicina e a vida hospitalar na República Popular da China</i>. Aí
fiquei praticamente proibido de editar, meu nome não podia aparecer nos
livros”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Em 1973 Abreu estava em idade militar e foi
enviado para Angola, onde ficou 21 meses. “Com o meu histórico com a PIDE, fui
pra lá com uma espécie de ‘estatuto de revolucionário’, que eu nunca tive de
fato”, lembra. Mas mesmo na África Abreu conseguiu dar continuidade às edições,
inclusive realizando algumas revisões de textos que lhe eram enviados por
correio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Quando deu-se o 25 de Abril, Abreu estava
em Angola, mas pouco tempo depois já havia retornado a Lisboa .<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Depois do 25 de Abril os livros continuaram
vendendo bem, conta Abreu. </span><span lang="PT-BR">Um indicador desses bons resultados é o fato de três títulos
da editora terem aparecido na secção “Os best-seller da quinzena” do jornal <i>Expresso</i>, em 1974 e 1975. O livro <i>O combate sexual da juventude</i>, de W.
Reich, apareceu em </span><span lang="PT-BR">5º lugar (24/5/1975), em 3º
(7/6/1975) e em 9º (21/6/1975). Já a obra de </span><span lang="PT-BR">Paulo Freire,</span><span lang="PT-BR"> </span><i><span lang="PT-BR">Uma educação para a liberdade</span></i><span lang="PT-BR">, foi mencionada em
10º lugar em 25/1/1975. E </span><i><span lang="PT-BR">A nossa arma é a greve</span></i><span lang="PT-BR">, reunião de textos de Franz
Mehring, Rosa Luxemburgo e Emile Vandervelde, surgiu em</span><span lang="PT-BR">
7º lugar em 21/6/1975<a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Bitstream Vera Sans"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 1.5pt;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span lang="PT-BR">Outros títulos
editados a partir de 1974 foram: </span><i><span lang="PT-BR">Uma iniciação à
economia</span></i><span lang="PT-BR">,
de Charles Rouge (1974); <i>Teoria e
história do capitalismo monopolista</i>, de </span>Harry Magdoff, Paul Baran e Paul Sweezy
<span lang="PT-BR">(1974); <i>A aplicação da psicanálise à investigação
histórica</i>, de Wilhelm Reich (1974); <i>Progresso
social e liberdade</i>, de Herbert Marcuse (1974); <i>Viver em Moscovo, viver em Nova York</i>, de K. S. Karol e Herman
Schreiber (1975); <i>Inquérito operário e
luta política</i>, com textos de K. Marx e Mao Tsé-tung (1975); <i>Socialismo, casamento e família: a doutrina
socialista do casamento</i>, de David Riazanov (1975); e <i>As três fontes do marxismo: a obra histórica de Karl Marx</i>, de Karl
Kautsky (1975).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Mas os novos tempos trouxeram mudanças para
o setor editorial:<o:p></o:p></span></div>
<div class="Recuodecorpodetexto22">
<span lang="PT-BR">As coisas mudaram radicalmente.
Antes do 25 de Abril o livro saía com o rótulo de proibido, então havia todo um
mercado paralelo, que se formou em função disso, as livrarias recebiam os
livros que sabiam que seriam proibidos e já tinham uma forma de os vender,
recebiam os livros e nem expunham, ficavam debaixo do balcão e havia os
clientes certos que iam lá e compravam. Eram tiragens de 3 mil, 4 mil
exemplares e vendia tudo. Normalmente uns 30% ou 40% da tiragem eram já destinados
para a apreensão, a gente já contava com aquilo. Com o 25 de Abril surgiram
dezenas de editoras, e naturalmente eu também perdi espaço, eu tive que me
afastar de algumas coisas e mudar o rumo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Abreu lembra, com ironia, que “Com o 25 de
Abril todos se transformaram em revolucionários, até alguns que eram ligados ao
antigo regime foram parar no Partido Comunista”. Mas, depois de cerca de dois
anos em que a agitação política foi intensa e vendeu-se livros políticos como
nunca em Portugal – de abril de 1974 até o final de 1975 –, o mercado para este
tipo de livro começou a diminuir. “Depois, já em 1976-78, começou a haver uma
definição de mercado, porque o mercado era muito bagunçado. O mercado começou a
ser muito mais seletivo, ficaram alguns, a Afrontamento, a Centelha, o resto
caiu tudo”, diz Abreu, que completa: “O interesse pelo livro político caiu
muito. O interesse era motivado, em grande parte, pela repressão política”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Já em 1975 Abreu partiu para uma nova
empreitada, criando a editora Rés em sociedade com Reinaldo Carvalho (ver item
sobre esta editora no Capítulo 11).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">António
Abreu avalia da seguinte forma a atuação das editoras políticas em Portugal no
período que precede ao 25 de Abril e nos anos imediatamente seguintes ao fim da
ditadura:<o:p></o:p></span></div>
<div class="Recuodecorpodetexto22">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="Recuodecorpodetexto22">
<span lang="PT-BR">Acho que as editoras que
publicaram livros políticos tiveram um papel importante na formação política,
porque não existia formação política em Portugal devido ao longo período da
ditadura. A maioria dessas pequenas editoras era ligada a algum movimento. Elas
não tinham uma visão comercial, eram idealistas que faziam aqueles livros.</span><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Todos os títulos editados pela Textos
Marginais eram de autores estrangeiros, com exceção de uma única obra: <i>Miséria de cinema</i>, de António Faria,
publicado em maio de 1974. Os livros tinham tratamento editorial e gráfico
profissional, e a distribuição era feita pela Dinalivro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">A editora atuou até 1977, tendo publicado 28
títulos. O período de maior atuação foi entre 1972 e 1974, quando saíram 21
títulos. Em 1975 foram editados apenas quatro, em 1976 apenas um, e 1977 dois
títulos. Os três últimos títulos já saíram em edições feitas pela Dinalivro, a
quem Abreu havia vendido a Textos Marginais em fins de 1975. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Em alguns livros da Textos Marginais
aparece o seguinte crédito: “Edição: Henrique A. Carneiro”. Como esclareceram-me António Abreu, José de
Sousa Ribeiro</span><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Bitstream Vera Sans"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 1.5pt;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR">, da editora Afrontamento, e João Barrote</span><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Bitstream Vera Sans"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 1.5pt;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR">, este senhor era um dos proprietários da Gráfica Firmeza, do Porto,
onde foram impressos muitos livros de caráter político naqueles anos. O seu
nome aparecia para cumprir a exigência legal de que houvesse um editor
autorizado que fosse responsável pela publicação – e também para proteger os
reais editores de possíveis problemas com a polícia política. Mas de fato o
senhor Henrique A. Carneiro não era o editor daquelas obras, mas sim o
tipógrafo responsável por sua impressão. A menção de seu nome como responsável
pela edição ocorre em livros de muitas outras editoras do Porto (ver item sobre
a Editora Textos Políticos, neste capítulo). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<span style="font-size: xx-small;"><span lang="PT-BR">(Extraído de: </span><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">SILVA, Flamarion
Maués Pelúcio Silva. <i>Livros que tomam
partido: a edição política em Portugal, 1968-80</i>. Tese de doutorado em História, Universidade de São Paulo, 2013.
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-07112013-131459/en.php>.)</span></span><span lang="ES-TRAD" style="line-height: 150%; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-right: 2.85pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"> Conforme lembrou João
Barrote em mensagem eletrônica enviada em 28/6/2011.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-right: 2.85pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"> DAVARA TORREGA, Francisco Javier. “La aventura informativa de Cuadernos
para el diálogo”. <i>Estudios sobre el Mensaje Periodístico</i>, nº<i>
</i>201, 2004, p. 201-220. Disponível em:
<http://revistas.ucm.es/index.php/ESMP/article/view/ESMP0404110201A/12595>.
Acesso em 26/10/2012.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 2.85pt; text-indent: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;"><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR"> </span><span lang="PT-BR">MORET, <i>Tiempo de editores</i>, op. cit., p. 296.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-right: 2.85pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"> Entrevista com António
Daniel Abreu, São Paulo, 23/8/2012. Todas as demais falas de Abreu provêm desta
entrevista.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-right: 2.85pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"> Entrevista com João
Barrote, freguesia de Arnoia, concelho de Celorico de Bastos, distrito de
Braga, 22/6/2011.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-size: xx-small;"><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"> CÉSAR, Felipa. “Notas
sobre o fac-símile da publicação Cadernos para o Diálogo 2”. In: CÉSAIRE, Aimé.
<i>Discurso sobre o colonialismo</i>. Edição
fac-similar. Berlin: Bom Dia, 2012.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-size: xx-small;"><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Nimbus Roman No9 L', serif; line-height: 150%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR"> Ibidem.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-size: xx-small;"><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Nimbus Roman No9 L', serif; line-height: 150%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR"> </span><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;">Relatório
9253 da DGS sobre o livro <i>Discurso sobre
o colonialismo</i>, datado de 11 de janeiro de 1972, assinado por Simão
Gonçalves. Reproduzido em CÉSAR, op. cit. </span><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn9">
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 2.85pt; text-indent: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;"><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftnref9" name="_ftn9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR"> Tal
afirmação aparece na contracapa do livro <i>O
que é uma constituição política?</i>, de Ferdinand Lassalle, que em 1976
inaugurou a nova série da coleção Cadernos Para o Diálogo, recriada por Abreu
na editora Nova Crítica (ver item sobre esta editora no Capítulo 11).<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn10">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-right: 2.85pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftnref10" name="_ftn10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"> Conforme lembrou João
Barrote em mensagem eletrônica enviada em 28/6/2011.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn11">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-right: 2.85pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftnref11" name="_ftn11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"> Entrevista com António
Daniel Abreu, São Paulo, 23/8/2012. Todas as demais declarações de Abreu provêm
desta entrevista.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn12">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-right: 2.85pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftnref12" name="_ftn12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"> “Os best-seller da
quinzena”. Secção do jornal <i>Expresso</i>,
1974 e 1975<i>.</i> Hemeroteca Municipal de
Lisboa.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn13">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-right: 2.85pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftnref13" name="_ftn13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"> Entrevista com José de
Sousa Ribeiro, Porto, 24/3/2011.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn14">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-right: 2.85pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Nuno/Desktop/Antonio%20Daniel%20Abreu%20(1).docx#_ftnref14" name="_ftn14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"><span style="font-size: xx-small;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="line-height: 150%;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman",serif;"><span style="font-size: xx-small;"> Entrevista com João
Barrote, Arnoia, 22/6/2011.</span><o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-40529102381370669612016-03-22T00:53:00.000+00:002016-03-22T00:57:00.537+00:00FestivalarCoincide o facto de pela primeira vez eu ter sido convidado para um festival literário - fujo geralmente de eventos com muita gente -, com o aparecimento de <a href="http://observador.pt/especiais/serve-um-festival-literario/" target="_blank">um excelente texto</a> da Joana Emídio Marques sobre a fenomenologia dos Festivais Literários num país em que pouco se lê, tudo isto um dia depois do Encontro Livreiro que decorreu, mais uma vez na histórica Culsete em Setúbal.<br />
<br />
Quando eu voltar do Festival Literário da Madeira darei a minha opinião com conhecimento de causa.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-36301913431398160472015-12-15T11:59:00.001+00:002015-12-16T11:18:21.126+00:00O Paraíso Segundo Lars D., João Tordo<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-DqQKkm2ozq4/Vm_-vXEp4OI/AAAAAAAABT8/NXuAe22AZL0/s1600/O-paraiso-Lars-D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-DqQKkm2ozq4/Vm_-vXEp4OI/AAAAAAAABT8/NXuAe22AZL0/s1600/O-paraiso-Lars-D.jpg" /></a> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">O PARAÍSO SEGUNDO LARS D.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">João Tordo</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Companhia das Letras/Penguin Random House, 15,90€</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Editora: Clara Capitão; </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Revisão: Ana Leonor Branco e
Cristina Correia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Capa: Maria João Lima (Panóplia) com fotografia de autor de
Vitorino Coragem <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Produção: Printer<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Desde a saída de Valter Hugo Mãe que a Companhia das
Letras (antiga Objectiva) procurava um escritor português que servisse de rosto
para o seu catálogo, tendo encontrado em João Tordo aquilo de que necessitava.
Transitado da Dom Quixote/LeYa, onde surgiu sob a tutela de Maria do Rosário
Pedreira, João Tordo mudou de casa numa altura em que a sua escrita também
mudava de registo. Mas deixarei isso para quem mais entende da matéria. O
principal a reter é a importância que a Companhia das Letras atribui a esta
faceta do seu catálogo, e como a mesma acaba por marcar o posicionamento que a
editora quer ter em Portugal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em termos de risco, João Tordo é um ativo seguro e gerador
de valor. Autor premiado com o José Saramago e com quase uma dezena de livros
editados, os últimos dos quais com bons resultados de vendas e de imprensa,
Tordo conta já com uma base alargada de leitores regulares e espaço garantido
nos escaparates de venda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em termos de conteúdos, este livro surge na sequência
do anterior (<i>O Luto de Elias Grou</i>),
algo revelado não só pelo autor logo no início do livro, mas também em termos
de comunicação, que o enquadra como segundo numa trilogia (de livros estanques
dentro do mesmo universo, e não de livros sequenciais). O discurso é de leitura
rápida mas profunda, com o discurso direto a controlar a velocidade da ação. Em
termos editoriais observa-se um cuidado na revisão, não se notando traços
profundos de <i>editing</i>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Uma das características mais marcantes deste livro é a
necessidade que a edição tem de «dar corpo» ao livro. Com uma paginação
bastante arejada, corpo de texto e entrelinha de dimensão elevada, o livro procura
disfarçar ser um pequeno livro (em termos de dimensão) e apresenta-se como
grande. Mais propriamente, cresce até mais de 200 páginas para conseguir obter
esse efeito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em jeito de opinião, julgo que seria possível obter o
mesmo ou melhor efeito recorrendo a um papel com maior densidade/gramagem ou
índice de mão, aumentando com isso o valor percebido do livro e melhorando um
dos raros problemas encontrados nesta edição: a baixa opacidade nas páginas de
cortina a negro e nas fotografias. Um livro com a mesma lombada mas com 160
páginas e bons materiais seria uma opção mais interessante (e, porventura, não mais
cara...).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em termos de <i>design</i>
o livro apresenta-se com muita elegância e boa leitura, com toques de <i>design</i> de miolo não raros, mas pouco
habituais. Como detalhe adicional, saliento a belíssima ideia de colocar um
marcador destacável por picote «enforcado» no plano (na sequência da badana).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Para além do marcador, o que mais se destaca é a fonte
utilizada no plano de capa: para a lombada, escolheu-se uma fonte de belíssima
leitura, recorrendo-se a uma <i>typewriter</i>
alargada na capa. Na contracapa surgem sem grande diferenciação uma sinopse
muito bem escrita seguida de um excerto da obra. Se ambos os conteúdos são bem
escolhidos, ressalva-se a diferença de fonte que se destaca excessivamente. Na
minha opinião seria possível anular a última frase da sinopse para aumentar o
corpo e igualar os registos, dando alguma indicação de que se trata em cada um
dos textos. A biografia assenta na figura literária do autor, mas talvez fosse
de referenciar outros livros de João Tordo (não publicados no Grupo), e a foto utilizada
é muito interessante, mas a impressão no perfil de cor em questão escurece-a
excessivamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Acima de tudo, nota-se um cuidado muito elevado com o
autor. Numa estratégia que não se percebe ser de coleção (João Tordo) ou
somente da trilogia, vemos que tudo se desenvolve em torno da imagem literária
do autor, num cuidado de elevação do seu perfil literário, com anulação de
elementos excessivamente comerciais. Isso denota respeito por João Tordo e
segurança na sua plataforma de fãs e vendas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O preço parece indicado para o livro em questão e a
estratégia de comunicação (por relações públicas e imprensa em torno de autor)
é a que se coaduna com todo o restante marketing estruturado para esta obra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em resumo, uma obra de continuação da bibliografia de
João Tordo, onde está patente uma estratégia de elevação do autor à categoria
literária máxima em detrimento de uma estratégia comercial agressiva, bem
cuidada e trabalhada ao nível editorial, mas com detalhes menos conseguidos ao
nível da produção. Um livro pensado para fidelizar os leitores atuais de João
Tordo e fazer crescer o autor dentro da sua própria plataforma. Dada a idade e o
potencial do autor, parece-me ser uma estratégia acertada se bem que arriscada
no competitivo mercado atual.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 16px; line-height: 17.1200008392334px;">Editorialmente</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 16px; line-height: 17.1200008392334px;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">recomendado, claro.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Nuno Seabra Lopes, editor e consultor editorial<o:p></o:p></span></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-90650664983902615442015-12-03T16:33:00.001+00:002015-12-03T16:33:08.502+00:00Cosac Naify<a href="http://2.bp.blogspot.com/-9JBe2A2wxpM/VmBuRNi3KvI/AAAAAAAABTc/JRr02csDamY/s1600/imgres.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-9JBe2A2wxpM/VmBuRNi3KvI/AAAAAAAABTc/JRr02csDamY/s400/imgres.jpg" /></a> <br />
<br />
Para quem não saiba, a editora brasileira Cosac Naify
anunciou o seu encerramento.<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Caso também não saibam, a Cosac Naify era, provavelmente,
uma das mais extraordinárias editoras do mundo, e certamente a mais
extraordinária em língua portuguesa, porque não só apostava em nichos culturais
de difícil retorno, como arte, design, cinema, arquitectura ou fotografia (para
além da literatura, onde se destacam a existência de autores portugueses como
Valter Hugo Mãe) mas, acima de tudo, fazia-o com uma qualidade gráfica e de produção
difíceis de igualar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ou seja, eram um dos meus heróis. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Charles Cosac, o seu fundador e director, justificou o fecho
com a incapacidade de poder continuar a publicar como gosta, ou seja, com
qualidade. Que não está para reciclar livros em domínio público (como tinha já
começado a fazer) para tentar pagar contas ou passar a publicar livros mais
comerciais. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ou seja, é ainda o meu herói.</div>
<div class="MsoNormal">
(pena tenho é que a
realidade não seja aos quadradinhos)<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-31232841469128499882015-11-13T14:48:00.001+00:002015-11-13T14:49:04.264+00:00Cidade em Chamas, Garth Risk Hallberg<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-hZhrPaP0hsY/VkX0JyqTlxI/AAAAAAAABSg/NH8RrREPMtY/s1600/500_9789724750453_cidade_em_chamas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-hZhrPaP0hsY/VkX0JyqTlxI/AAAAAAAABSg/NH8RrREPMtY/s200/500_9789724750453_cidade_em_chamas.jpg" width="133" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">CIDADE EM CHAMAS </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Garth Risk Hallberg</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Teorema/ LeYa, 29,90€<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Editora: Carmen Serrano</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Tradutora: Tânia Ganho </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Revisão: Rita Almeida Simões<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Capa: Rui Garrido </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Produção Multitipo</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Este será, provavelmente, uma das principais apostas
de tradução do Grupo LeYa para o Natal de 2015. Trata-se de um livro fenómeno
nos EUA e que traz com ele uma expectativa rara para um autor sem qualquer
plataforma em Portugal, acarretando um elevado risco comercial para quem o
publica, em especial pelo muito provável avanço que terá sido pago para a
obtenção dos direitos de publicação em Portugal. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">O risco observa-se, também, pelo número de páginas da
obra (1000!) em texto corrido, e pelo tema, a Nova Iorque do final dos anos
1970, marcada pela degradação urbana e pela grande disparidade económica
existente dentro desta megalópole (hoje em dia é mais simples, só os ricos lá
vivem...).</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em termos de conteúdos, observa-se um forte trabalho
de <i>editing</i> sobre a obra original
(inglês dos EUA) de forma a tornar este livro um livro “de leitura” e não uma
obra literária no sentido europeu do termo, o que poderá revelar que o original
se encontraria “aborrecido” em algumas partes e a necessitar de trabalho de
dinâmica – a crítica literária nacional que se dedique a essa parte. Vemos capítulos
curtos, tentativa de criar dinâmica de ação, linguagem direta e recurso a
discurso direto para fazer avançar o enredo, várias personagens que se
intersecionam, para manter uma leitura fluida e rápida. Um livro que, apesar do
tamanho, deverá poder ser lido pela generalidade do público (leitor) com
agrado, pelo menos no que ao trabalho de <i>editing
</i>diz respeito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Não tendo lido a obra na sua grande maioria, nem tido
acesso ao original em língua inglesa, posso desde já indicar que a tradução
parece comprovar a elevada qualidade a que a Tânia Ganho, tradutora já de créditos
firmados, nos tem habituado. De uma forma sucinta, e sem querer esquecer o
trabalho que a editora e a revisora possam ter tido neste resultado ̶ tanto
que os “Interlúdios” foram traduzidos por outras duas pessoas, entre elas a
revisora ̶, o texto mantém uma
experiência bastante agradável de leitura. Apesar de cada leitor preferir
diferentes estilos de tradução ̶ mais próximos da língua de partida ou da
língua de chegada ̶ este texto parece manter algum equilíbrio,
aproximando-se mais da língua de partida (marcas ligeiras de literalidade) sem,
no entanto, causar estranhezas ao leitor português. Acima de tudo, mantém o
discurso direto com a fluidez necessária, e não se observam complexificações e
distorções do discurso mantendo algumas características de leitura próximas do
original. Para a tradutora e para a editora e a revisora, os nossos sinceros
parabéns, em especial devido à complexidade que a obra parece acarretar, com
elevada variabilidade de discursos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Uma nota menos positiva para o papel utilizado, onde o
aparente recurso a um Munken Pure creme 80 (não tenho a certeza, indico-o só
por observação direta), muito provavelmente por obrigatoriedade de grupo e
compra em escala, acaba por trazer vários problemas de opacidade e perda dos
fundos, em particular nos já referidos “Interlúdios” que vão surgindo ao longo
do livro. Da mesma forma o recurso à fonte manuscrita (que deverá vir do
original) poderia ter sido trabalhado para iludir o efeito, não usando preto a
100%. O <i>layout</i> interno e a paginação são bastante boas e geralmente cuidadas, em especial tendo em
conta a relativa complexidade de fontes que vão surgindo no livro. A produção
não tem qualquer problema a apontar. Bem impresso e acabado, sem erros
visíveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O plano de capa parece ser o espaço para maior
diversidade de opiniões, pela complexidade da imagem e cores usadas e, em
particular, pelas opções de comunicação. Uma abordagem arriscada que, no meu
entender, resultou graficamente bastante bem (opiniões divergem, no entanto),
tendo, ainda assim, problemas de alguma gravidade. Em termos de <i>design</i>, a
referencialidade do livro e do tema estão presentes, assim como a diferenciação
gráfica no ponto de venda, um título capaz de aguentar <i>thumbnails</i> (apesar de causar dúvidas iniciais de leitura,
comprova-se eficaz na leitura à distância) e bastante bem conseguido no
conjunto da capa, com destaque muito positivo também para a lombada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A nota crítica surge no entanto para o descuido nos
elementos de leitura e comunicação. O nome do autor quase não tem visibilidade
(apesar de ser um novo autor, recordemos que este é o principal motivo de
atração para a crítica e, logo, para os leitores fortes que irão procurar o
livro. Afinal de contas um livro de 30€ e 1000 páginas não é para compra de
impulso...). Da mesma forma, existe um descuido elevado na colocação dos logos
que estão quase anulados (quer pelo tamanho diminuto do símbolo gráfico na
lombada, quer pela quase total falta de leitura da marca na capa). Opção errada
também no recurso a uma fonte excessivamente <i>bold</i> na contracapa, que prejudica a leitura a olhos mais cansados. O
autocolante de <i>endorsement</i> da capa
também surge de forma excessivamente forte, com uma linguagem gráfica que
destoa (na imagem acima essa questão já se encontra resolvida).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A biografia de segunda badana é sucinta, mas calculo
que para um autor destes não seria possível fazer melhor e os <i>endorsements</i> de primeira badana são, na
sua maioria, inúteis no formato em que estão. Referências não significativas de
pessoas desconhecidas para o mercado português, demasiado compridas e que se
confundem em propósito com o texto de contracapa ou a crítica futura. Ou seja,
não conseguem transmitir claramente uma mensagem de qualidade. A título de
curiosidade, no site da LeYa (claramente o melhor dos sites em termos de
conteúdos de comunicação, com cuidado na elaboração das sinopses e biografias,
por exemplo) os mesmos <i>endorsements</i>
aparecem sucintos e bem mais trabalhados, anulando informação desnecessária e
funcionando corretamente para o mercado português.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">De uma forma global, esta é uma capa excessivamente
marcada pelo design e menos pela comunicação/ edição.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O preço da obra parece-me elevado para o livro em
questão e um fator claro de restrição das vendas, mas calculo que para uma obra
com estas características deverá ser difícil fazer melhor. Recordo só que este
é um livro que depende excessivamente da comunicação especializada e da
visibilidade inicial no ponto de venda para começar a «rodar», tendo
características de <i>word of mouth</i>
muito difíceis de funcionar em Portugal (falta de empatia com o tema do livro e
dimensão do texto face aos hábitos de leitura nacionais), podendo ser um livro
mais comprado do que lido, o que revela um elevadíssimo risco comercial, mas o <i>2666</i> de Roberto Bolaño também tinha essas
características e, no entanto, resultou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em resumo, uma obra recomendada para todos os leitores
habituais, bem cuidada e editada, que merecia alguma atenção adicional ao plano
de capa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
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<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Nuno Seabra Lopes, editor e consultor editorial<o:p></o:p></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-29010665966958076512015-11-13T14:26:00.000+00:002015-11-13T14:26:05.284+00:00Crítica EditorialDesta feita o crítico sou eu.<br />
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Ou melhor, a partir desta data, e com uma periodicidade na pior das hipóteses quinzenal, farei uma coluna de crítica de livros do ponto de vista editorial. Nada de falar sobre autores e enredos, coisas do âmbito da crítica literária: eu, é mais livros.<br />
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Mas acima de tudo, criticar edição não é dizer que se sabe fazer melhor. Como editor percebo melhor do que ninguém as contingências da profissão e as dificuldades dos colegas (excesso de trabalho, hierarquia de relações com outros departamentos e autores, etc., etc.) que concorrem para que, por vezes, algumas coisas corram menos bem. Todos erram, eu também erro.<br />
<br />
No entanto, editar é uma arte maior que merece a atenção de uma crítica especializada, e ao analisarmos o trabalho efectuado estamos a informar o público e a ajudar a criar critérios que definam o que é um bom trabalho editorial. Estamos, igualmente, a dignificar uma profissão que não merece ficar escondida por detrás do trabalho do autor.<br />
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Assim sendo, do <i>editing </i>à revisão, da tradução à ilustração, dos materiais à produção, passando pelo design e pela estratégia comercial e de promoção, tudo deverá ser alvo de um olhar atento.<br />
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Por fim, refira-se que uma crítica tem sempre algo de opinião e visão do próprio. Aquilo que eu observo como um defeito pode, por vezes, ser analisado de forma contrária e até comprovada com mais certeza, pelo que o contraditório é sempre interessante. Afinal, nada é mais científico do que a crítica, a economia e a meteorologia.<br />
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Espero que gostem.<br />
Nuno Seabra LopesUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-57027135996142573752015-08-08T18:36:00.001+01:002015-08-08T18:57:20.796+01:00Quem corre por gosto... merece ser rasteirado.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-FTyKpprpMm0/VcY_ETinRMI/AAAAAAAAJ-k/dEJ9HKUKlcw/s1600/shutterstock_envy-620x250.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="160" src="http://3.bp.blogspot.com/-FTyKpprpMm0/VcY_ETinRMI/AAAAAAAAJ-k/dEJ9HKUKlcw/s400/shutterstock_envy-620x250.jpg" width="400" /></a></div>
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Um dos problemas das sociedades mediterrânicas modernas e cujas origens não cumpre aqui averiguar, está na carga negativa que damos ao trabalho, ao rigor e à disciplina. Com efeito e ao contrário das sociedades protestantes, atribuímos ao trabalho uma carga de castigo que está patente, por exemplo, quando se vê uma pessoa a falar com uma criança "E já andas na escola? Coitadinho...". Bem como o habitual: "se me sair o euromilhões nunca mais faço nada."<br />
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Mais do que qualquer coisa, esta posição cultural está na base da nossa falta de produtividade.<br />
<br />
Mas do que eu queria falar é de como essa forma de ver o mundo aliada a uma típica falta de cultura que desemboca numa inveja agressiva resulta quando se é confrontado com alguém que trabalha numa indústria cultural.<br />
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"Ah mas tu fazes aquilo de que gostas, não te queixes."<br />
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Quem trabalha nas áreas criativas sabe perfeitamente que é visto assim e que é essa postura que dita situações clássicas como os típicos atrasos nos pagamentos, incumprimento das condições acordadas, etc. Afinal nós, "os criativos", somos artistas e os artistas comem a sua arte ("ainda por cima os sacanas têm prazer em fazer o que fazem, mas hão-de lhes morder hão..."). <br />
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Faz-me lembrar uma história passada por Michael Korda num livro que neste blogue recenseei. Resumindo a história com a preguiça de confirmar nomes e dadas de um Sábado de Agosto, um multimilionário comprou uma grande editora clássica norte-americana incorporando-a no seu império de multimédia, indústria e muito mais.<br />
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Passado uns meses o dito milionário visita pela primeira vez a editora e é recebido pelo director geral numa sala de reuniões que abre numa vista panorâmica para os corredores onde trabalham os assistentes editoriais na leitura de obras, sua revisão e anotação.<br />
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Enquanto o director geral vai descrevendo os sucessos da editora repara que o milionário está cada vez mais nervoso e irritadiço. Em vez dos sucessos editoriais e prémios, decide mudar o seu discurso e falar do crescimento financeiro da editora mas o milionário não dá sinais de acalmar, pelo contrário, mexe-se na cadeira, olha para todos os lados bufa...<br />
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O director geral começa a ficar também ele nervoso e fala dos planos de crescimento, das possibilidades de articulação com outras empresas da corporação sem sucesso: o milionário passa por várias cores e de repente levanta-se e abre a porta berrando para o corredor dos assistentes "Quando é que param de ler e começam a trabalhar????".<br />
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Outro dos clássicos para este tipo de situação é o famoso anúncio e resposta <a href="http://portugalglorioso.blogspot.pt/2013/04/anuncio-no-jornal.html" target="_blank">aqui</a> reproduzidos.<br />
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Engraçado nesta situação é que não era bem sobre isto que eu queria escrever.<br />
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Quero hoje escrever sobre o tempo enquanto necessidade fundamental para um trabalho importante na área do livro. Recebo centenas de <i>newsletters</i> de editoras e livrarias pequenas e grandes um pouco de todo o mundo e um factor comum, então nesta época de Verão, é verificar como as <i>newsletters </i>chegam com recensões e recomendações de grande qualidade.<br />
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Das editoras chegam as sugestões de toda a equipe, dos editores aos comerciais, dos financeiros aos empregados da limpeza. nas livrarias todos os livreiros fazem as suas sugestões.<br />
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Lá fora, sobretudo no meio anglófono parece que já se acordou para essa noção de orgulho no trabalho e para a noção de quem trabalha na área dos livros, seja directa ou indirectamente, deve ter interesse directo no produto.<br />
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Nós por cá com a nossa notável capacidade de planear trabalho, de organizar empresas, de estrategicamente as projectar no futuro, temos outro ponto de vista. As editoras contratam assistentes editoriais que, o destino assim o dita, se não desistirem pelo caminho, serão os editores de amanhã mas não os formamos como leitores. Um assistente editorial é um escravo sem horários que leva pilhas de trabalho para casa. Tem ele tempo para sequer se inteirar do que se passa no mundo da edição, ler o que "está a dar" na sua área de trabalho, ganhar cultura geral, acumular leituras que lhe permitam mais adiante ser um editor de sucesso? Já não falo sequer de tempo para irem às livrarias ouvir o que os leitores comentam sobre os livros, perceber porque escolhem o título X e não o Y, porque preferem uma capa e não outra...<br />
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Para já não dizer que dentro de empresas de dimensão média para grande é entendido que o editor (quanto mais o assistente editorial) não tem nada que saber esse tipo de coisas uma vez que é "criativo", do mercado sabem os comerciais e os directores de marca (que curiosamente raramente lêem e quando o fazem, não é por prazer mas por obrigação).<br />
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Depois editores e assistentes apresentam os seus planos editoriais que são decididos pelos financeiros em função de dados que os primeiros não têm como recolher e os segundos não sabem interpretar.<br />
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Mas alguém na cúpula acha que assim é que se corrige o problema que as editoras sempre tiveram e "por isso não davam lucro". Nunca lhes ocorreu que a os públicos culturais são voláteis e que os únicos que são fidelizáveis são aqueles cujos números não importam aos financeiros porque não pesam o suficiente para serem significativos.<br />
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É também por esse motivo que uma qualquer grande editora não contempla oferecer os seus livros aos seus funcionários que, gostando de livros, seriam certamente os seus maiores promotores. Numa das editoras onde trabalhei achou-se que não fazia sentido oferecer livros a tradutores e revisores. Não se percebe que um profissional que tenha trabalhado num livro tem orgulho na obra para a qual contribuiu e que a recomendará. não se percebe que num meio pequeno como é o dos leitores em Portugal todos se conhecem uns aos outros e os círculos de influência se intersectam. Os amigos de um tradutor são geralmente gente que gosta de livros.<br />
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Em várias editoras de grande dimensão, se um funcionário pretende comprar um livro e se procura inteirar sobre condições para o fazer parece que caiu um meteorito. Que coisa inaudita!! Um funcionário que quer ler um livro nosso? Estabelece-se uma política à pressa e que passa pelo "vamos é aproveitar para vender e ganhar mais uns cobres". Faz-se ao funcionário um desconto ligeiro e o funcionário fica a pensar "Bando de fuinhas, fazem descontos comerciais às livrarias muitas vezes acima dos 50% e a mim apenas isto!?"<br />
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O que custa em tudo isto é o retorcido dos processos mentais que estão por trás de cada acção ou inacção, de cada medida ou decisão.<br />
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"Como é que se pode lidar com esta gente estranha que gosta do que faz? Que mandriam o dia todo enquanto nós estamos para aqui a fazer contas que detestamos. Ainda por cima os patós acham que fazemos bons livros..."<br />
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Numa indústria que funciona assim não se percebe que um assistente editorial ou um livreiro serão muito melhores profissionais se tiverem tempo para ler, por exemplo.<br />
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Este diálogo de surdos não vai ter respostas e nunca resultará em sucesso porque o latino é vingativo e uma situação de desequilíbrio dá lugar a feudos de proporções sicilianas.<br />
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Nenhuma das facções vai alguma vez estar satisfeita. Nenhuma fará concessões à outra.<br />
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Quem compra livros por gosto (a maior parte das compras fora do segmento escolar) seja esse gosto directo - "eu gosto deste livro" - ou indirecto - "eu gosto de economia e portanto compro um livro sobre a área" - ; tem de ser atendido ou fornecido por quem percebe de gostos. Um editor tem que saber fazer livros mas acima de tudo tem de saber fazer os livros que vão interessar a um determinado segmento, isso implica conhecer esse segmento (seja ele de 500 leitores, 50 ou 500.000). Um editor tem de ser um especialista nos hábitos e gostos do seu público.<br />
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Isso cultiva-se cultivando os gostos pessoais e interagindo com as comunidades de leitores. Não se desenvolve num escritório analisando números num excel.<br />
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As indústrias culturais são indústrias do gosto e do hedonismo. directo ou muito indirecto. Enquanto as indústrias culturais entre nós não perceberem isso (e não há sinais de que o venham a perceber) os públicos vão continuar a desaparecer e o futuro vai ser negro pela ausência de mercado e a incapacidade de formação contemporânea dos futuros agentes do sector.<br />
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Como será possível explicar a um gestor ou financeiro que detesta o seu trabalho e o seu produto e inveja os subordinados que fazem o que gostam, que a estratégia de uma indústria cultural tem de passar por processos formativos de públicos muitas vezes com sacrifícios financeiros que resultarão em sucessos futuros.<br />
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Há um conjunto de modelos de negócio no universo anglo-germanófilo nas áreas culturais e em particular na área do livro que têm ditado mudanças muito interessantes em tempos recentes e que passam precisamente por essa percepção. Há pouco menos de um mês um dos anúncios do Publishers Weekly era para um director financeiro e estratégico de um dos maiores grupos mundiais e uma característica <i>sine qua non </i>requerida era paixão por livros e leitura.<br />
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Nós por cá estamos a séculos de distância disto.<br />
<br />
No entanto em 1976 a UNESCO definia a figura do gestor cultural e os atributos de tal função recomendando formação específica para estes no objectivo de salvaguardar as indústrias culturais no nosso mundo em mudança.<br />
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Da mesma forma como no mundo das indústrias culturais nem tudo é o gosto (embora o essencial seja) e o prazer, também não se pode reduzir tudo ao prisma eco-financeiro.<br />
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Economicamente isto é um paradoxo de utilidade: quer então dizer que em áreas que dão sempre pouco dinheiro é que precisamos de colocar os nossos directores mais habilitados e polivalentes?? Ai isso é que não, e se eles começam a gostar do trabalho, os sacanas?<br />
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<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-89584306226760643902015-05-10T12:04:00.002+01:002015-05-11T10:18:07.101+01:00Recensão: A tradução para edição<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-l-m-iANGWBU/VU8cdLT4HBI/AAAAAAAAJ9w/ToY-VMMCPkQ/s1600/Tradu__oEdi__oCapaSite.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-l-m-iANGWBU/VU8cdLT4HBI/AAAAAAAAJ9w/ToY-VMMCPkQ/s320/Tradu__oEdi__oCapaSite.jpg" width="224" /></a></div>
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<span style="font-size: x-small;">Almeida e Pinho, Jorge, A tradução para edição - Viagem ao mundo de tradutores e editores em Portugal (1974-2009), Universidade do Porto, Porto, 2014</span></div>
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<span style="font-size: small;">Uma das vantagens em ter compilado a <a href="http://hugoxavie5.wix.com/hxavier#!bibliografia-da-edicao/ce09" target="_blank">Bibliografia sobre edição e negócio do livro</a></span> é ter ficado com uma noção muito precisa da exiguidade do que se produz em termos documentais nessa área no nosso país. Daí que, quando aparece um qualquer contributo adicional para esta bibliografia, ache que merece a melhor atenção de todos quantos estamos neste sector.</div>
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Jorge Almeida e Pinho é tradutor e revisor técnico e docente do ensino superior também na área de tradução. Tem já outros livros dedicados a esta área no que será dos poucos em Portugal a dedicar-se ao estudo da Tradução no meio editorial.</div>
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Do meu lado, enquanto editor mas sobretudo enquanto profissional integrado no sector editorial/livreiro, tenho vindo a advogar ao longo dos anos que um dos males do sector (entre outros obviamente) é o desconhecimento que os vários agentes do sector têm do trabalho e dificuldades uns dos outros. Daí também que toda a informação que se possa recolher sobre determinado subsector da área do livro e da Edição deva ser de consumo obrigatório para todos quantos fazem do livro a sua vida.</div>
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Deixadas as notas introdutórios, passemos ao livro: a obra está dividida em quatro partes.</div>
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A primeira parte da obra pretende desenhar o trajecto da edição face à evolução sociocultural do país com especial incidência no período coberto pela obra.</div>
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A segunda parte é uma síntese da evolução e principais conceitos e metodologias dos Estudos de Tradução numa perspectiva internacional.</div>
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A terceira parte consiste numa análise dos resultados do Inquérito por Questionário sobre Tradução levado a cabo durante o ano de 2008. </div>
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A quarta e última parte é um estudo de caso centrado na editora Campo das Letras.</div>
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A soma das partes traz muito poucos dados novos à equação do processo editorial mas confirma alguns mitos e traz a público, pela primeira vez, alguma espécie de suporte documental.</div>
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Ao longo de toda a obra Jorge Almeida e Pinho foca a sua argumentação em dois vectores principais: </div>
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- A necessidade da mais e melhor especialização dos tradutores passar por formação a) interna das editoras e/ou b) da Universidade (em parceria ou de forma protocolar com as editoras)</div>
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- A forma de remuneração dos tradutores que, segundo o autor, é contrária ao espírito da lei</div>
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Muitas vezes este livro peca por um factor inevitável: é demasiado "universitário" e portanto científico na análise que faz do sector. Um leitor conhecedor das dinâmicas do sector fica com a clara noção de que uma abordagem mais personalizada centrada mais em conversas com editores e outros agentes do sector poderia ser mais benéfica no traçar do retrato da situação da tradução dentro do meio editorial. Por outro lado creio que falta a este livro para poder atingir outra dimensão, ter auscultado os tradutores. Tenho algumas, para não dizer muitas dúvidas, que uma generalidade dos tradutores se revejam nalguns dos pontos que o livro levanta mesmo a nível factual. Ainda assim, reitero, sendo este livro derivado de uma investigação universitária, estes pontos são inevitáveis por mais que limitem a informação.</div>
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Do mesmo modo a primeira parte do livro em que é feita uma análise comparativa da evolução sociocultural do país e da evolução do mundo editorial sofre os efeitos da inexistência de bibliografia especializada sobre o sector da edição e omite de forma quase total a própria evolução da profissão de tradutor que sofreu diversas alterações ao longo do século XX. Aqui faltou claramente um conjunto de entrevistas com tradutores com actividade de longas décadas. Essa seria a única possibilidade para colmatar informação que não está reunida em mais nenhum tipo de documento. Da mesma forma a evolução do meio editorial é tratada demasiado pela rama (ainda assim, friso, a rama possível dada a ausência de bibliografia especializada).</div>
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O rigor científico desta obra atinge o seu pináculo na suma das teorias e metodologias dos Estudos de Tradução que enformam a segunda parte do livro. Bastante completo e informativo, este capítulo dá várias bases científicas para o que será a análise que seguirá nas duas partes sequentes do livro.</div>
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A terceira parte da obra é o resultado do inquérito feito às editoras em 2008. Das 123 casas editoras contactadas, 36 responderam (eu respondi pela Cavalo de Ferro). Dessas 36, 11 informaram que pelos mais diversos motivos não responderiam ao questionário. Assim das 123 casas editoras identificadas, 25 responderam efectivamente ao inquérito. Este universo é muito reduzido para daí se extrapolar o retrato geral do sector mas, em boa verdade, é melhor do que nada.</div>
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Dos dados recolhidos, nenhum me surpreende mas acho particularmente interessante um tipo de respostas que revela a que ponto estão enraizadas determinadas "mentiras diplomáticas" no nosso sector. (O que não me surpreende tendo falado com alguns dos inquiridores do mais recente estudo sobre hábitos de leitura dos portugueses levado a cabo pelo Observatório das Actividades Culturais, que me referiam que tinham a certeza que vários dos inquiridos admitiam ler livros meramente porque "pareceria" mal não o fazerem e isto independentemente do inquérito ser anónimo. é uma questão de modelo mental latino.) </div>
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Questões como as motivações das casas editoras que levavam à escolha de um determinado tradutor e a relevância que nelas assume a questão das aceitação das condições contratuais é um claro exemplo da mentira diplomática. Não que esse seja um factor contornável. Esta análise deve cientificamente ater-se à sua limitação. Mas aqui, como em alguns outros pontos, a existência de uma contra-perspectiva que partisse de conversas com tradutores (ou na pior das hipóteses, de um inquérito aos mesmos) teria sido útil.</div>
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Facto indesmentível mas que não faz sentido numa obra que pretende ser um estudo científico e que evita sempre a entrevista e conversa com os agentes do sector precisamente para evidenciar a sua "cientificidade" é a constante referência do que os editores admitem "à boca pequena" sobre a falta de qualidade/formação dos tradutores. na minha leitura não percebi que esta informação viesse de alguma resposta ao inquérito - aliás é um ponto recorrente ao longo da obra. Realço apenas a sua presença incongruente, não a sua veracidade.</div>
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Já o escrevi antes e disse-o em vários lugares: uma grande maioria dos tradutores que se apresentam para fazer tradução literária não têm qualidade para o fazer. (note-se que uso a expressão "grande maioria" e não "totalidade"). Como o autor deste livro refere amiúde, o trabalho do tradutor é um trabalho de criação literária (daí ele advogar um determinado método de pagamento da tradução), esse tipo de talento literário advém, digo-o pela minha experiência, de muitas leituras literárias. O tradutor que lê nas suas línguas de trabalho boa literatura em quantidade, geralmente atinge um nível de naturalidade no tratamento do texto literário que permite a sua adaptabilidade ao mesmo enquanto vaso condutor. E isto está para lá de qualquer formação (que não deixa de ter a sua importância mas que forma de modo meramente científico não treinado a sensibilidade literária).</div>
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Ainda nesta terceira parte do livro há alguns dados de relevância para um retrato do sector mas fica sempre a dúvida sobre a efectiva representatividade que as 25 editoras possam ter relativamente às 123 editoras em actividade reconhecidas pelo estudo. Na minha opinião a maior parte dos dados corresponde ao que conheci do meio até 2008. de lá para cá e devido à crise económica e à chegada de editoras de grande porte com outras filosofias de trabalho e de mercado - muitas delas (as filosofias, entenda-se) decorrentes da crise ou da adaptação de modelos de gestão corporativista americana.<br />
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Surpreendente para o autor (e para mim) a relevância que é dada pelas editoras a exigências do autor original sobre aspectos da tradução. Já tive vários autores que interferiram com capas e mesmo assim são uma minoria, agora autores nativos de outras línguas que intervenham no processo de tradução... são novidade. </div>
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O Estudo de caso que constitui a quarta parte da obra não surpreenderá ninguém que trabalhe no meio editorial há algum tempo. Será muito provavelmente a parte menos importante e interessante deste livro.</div>
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Ficam algumas questões inquietantes decorrentes de dados levantados entre a parte 3 e a parte 4 no que toca a exigências de adaptação da obra traduzida a posições ideológicas da editora (ponto reforçado na conclusão). Para além de me parecer uma questão grave e interessante, mais uma vez seria importante aqui o testemunho dos tradutores. Foi provavelmente um dos pontos mais surpreendentes da obra e espero que mereça melhor atenção em futuras investigações do autor.<br />
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No que toca à primeira das duas linhas condutoras da obra presentes ao longo do texto, o autor frisa várias vezes ao longo do texto a necessidade de maior e melhor formação dos tradutores. No que toca a formação interna das editoras para os tradutores não me parece viável dada a natureza intrínseca do perfil empresarial da editora nacional e da sua capacidade humana e económica (que o autor, aliás, muito bem descreve); já no que toca a parcerias/protocolos entre as editoras e a instituição universitária, sendo bem mais viável, ainda assim limita-se em termos potenciais ao um leque muito reduzido das editoras de grande dimensão. Imagino que possa ser bastante importante sobretudo para o livro técnico mas aquilo que verifico nas análises a testes de tradução literária que fiz ao longo dos anos não é a ausência de ferramentas ou conhecimentos técnicos, é a falta de leitura. Isso verifica-se no baixo nível de vocabulário português e na falta de sensibilidade no que concerne a sensibilidade literária. Outro dos problemas recorrentes nos testes de tradução (e que, mais uma vez, só se resolvem com muita leitura) é o desconhecimento dos correspondentes epocais. É muito difícil encontrar um tradutor capaz de verter um texto de outras épocas para uma linguagem que tem de ser o equivalente português do vocabulário dessa época.<br />
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Isso requer sensibilidade literária mas também boa cultura e muitas leituras. Dou-vos um exemplo: há uns anos fiz a tradução de um texto de Mark Twain (<i>Excertos dos diários de Adão e Eva)</i>. O mais complicado dessa tradução foi acertar no vocabulário e tipo de linguagem a utilizar pois sendo os textos originais do começo do século XX (1904 e 1905) o correspondente em termos de linguagem e vocabulário está muito mais próximo do empregue pelos humoristas portugueses nos finais dos anos 20 e anos 30. E isso requereu leituras de André Brun, Eduardo Schwalbach, Albino Forjaz de Sampaio e outros e isto só foi possível porque eu tenho um conhecimento da literatura portuguesa ao longo dos vários momentos do século XIX e XX que me permitiram perceber qual o melhor correspondente. este tipo de conhecimento, vital para a tradução literária, não se adquire na academia.<br />
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O outro factor onde a formação não intervém mas que é essencial para a tradução literária é a naturalidade do coloquialismo literário. O diálogo em literatura é uma forma de representar (fiel ou propositadamente não fielmente o diálogo falado mas a passagem do falado para o escrito tem grandes especificidades e cria uma naturalidade de discurso que não é a mesma de língua para língua. Uma boa parte dos testes de tradução que fiz ao longo dos anos resultou na rejeição dos tradutores por incapacidade de fazer esta transposição que, para um tradutor com muitas leituras nos seus vários idiomas de trabalho acontece de forma quase natural. <br />
<br />
Muitos outros testes de tradução foram rejeitados por motivos que, esses sim, podem e devem er trabalhados ao longo do sistema de ensino e formação: falta de cuidados na apresentação, falta de cuidados na reprodução gráfica da tradução face ao original, ausência de investigação que leva a erros de palmatória, péssimo nível de vocabulário português e conhecimento sintáctico, etc etc...</div>
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Antes de partir para uma questão final, a da forma de remuneração do trabalho de tradução, fazendo desde já um resumo do livro que agora se analisou, diria que é uma obra de importância pela abrangência de perspectiva em torno do sector da tradução, tão pouco abordado e estudado entre nós. Enquanto obra universitária cumpre dentro das limitações documentais as suas funções embora, no meio de tanta informação cientificamente comprovada e comprovável, admita como informação fidedigna alguns rumores e bocas que, sendo verdadeiros, não parecem ter uma fonte concreta indicada de forma científica.</div>
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A análise que a obra faz do sector da tradução recolhe dados do lado das casas editoras mas não do lado dos tradutores o que me parece uma pecha tremenda porque acho que consolidaria alguma informação e traria alguma discussão a outros pontos.</div>
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No compto geral esta obra é informativa e útil em muitos aspectos para quem queira conhecer a vertente em causado sector e do processo de edição. Em boa hora surge, aliás, agora que o mercado e o processo editorial sofre algumas alterações importantes e seria/será necessária uma reflexão do sector sobre as suas chances de sobrevivência.</div>
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APÊNDICE A ESTA RECENSÃO</div>
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Para discussão final e porque é um ponto que me incomoda verdadeiramente e com o qual de forma absoluta não concordo com o autor: a questão da forma de remuneração do trabalho de tradução.</div>
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Esta é, como indiquei no começo, uma das duas linhas condutoras da obra para o autor. As referências a esta questão aparecem um pouco por todo o livro.</div>
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O autor acusa recorrentemente as editoras de não cumprirem o espírito da lei (e portanto e inerentemente de ilegalidade). A sua posição é de que, de acordo com a lei, os tradutores deveriam ser pagos em direitos de autor (como os autores, através de uma percentagem sobre o valor de capa do livro vendido).</div>
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Admito que esta forma é, efectivamente, a norma de lei - aliás cito o artigo 172º do código de direitos de autor que o autor cita: "2 - salvo convenção em contrário, o contrato celebrado entre editor e tradutor não implica cedência nem transmissão, temporária ou permanente, a favor daquele, dos direitos deste sobre a sua tradução." </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acontece que, ao contrário do autor, eu leio "salvo convenção em contrário" que parece ter escapado ao autor. esta pequena ressalva permite o modelo de contrato norma no mercado português e permite que continuemos a ter traduções e tradutores em Portugal.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que Jorge Almeida e Pinho não parece perceber é a real dimensão do mercado e os números efectivos de vendas de livros (antes e depois da crise). </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu tenho a certeza que não conseguiria um único tradutor se lhe oferecesse um contrato de tradução nos termos em que JAeP advoga. Que tradutor nacional aceitaria ser remunerado como um autor nacional recebendo um ano depois da publicação da obra uma percentagem do preço de capa dos livros vendidos pela editora? Ainda para mais sabendo-se bem quais as vendas de livros traduzidos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Se a situação preconizada por JAeP fosse norma, em Portugal apenas teríamos tradutores para <i>best-sellers. </i>Façamos um exercício: uma editora procura um tradutor para fazer uma tradução literária complexa, digamos uma obra de um autor de qualidade premiado internacionalmente como Juan Carlos Onetti ou um prémio Nobel como Isaac Bashevis Singer, por mero exemplo, essa obra estima-se que tenha, umas 200 páginas com 2000 caracteres por página. Assim e considerando que dado as páginas de começo e final do livro e finais de capítulo o número efectivo de páginas de texto será de umas 175 páginas, considerando um pagamento norma de 8 € por cada 1800 caractéres incluíndo espaços, o tradutor receberia 1555 €. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No modelo defendido por JAeP um tradutor receberia um ano após a publicação do livro (como o autor caso esteja ainda em domínio privado) uma percentagem de digamos 3% (considerando que um autor estrangeiro recebe em média 8% e um autor nacional 10%) sobre vendas efectivas do livro (não sobre colocações) que para um destes autores ronderá os 500 a 900 exemplares vendidos - fiquemo-nos por uns 750 a um preço de capa de 15 €. Assim o tradutor receberá 337, 5 €. Ora como também sabemos o mercado neste momento não trabalha reposições pelo que todo o título que não seja vendido volta para armazém e provavelmente não volta à livraria (muitas vezes mesmo quando há encomendas pois o lucro de um fundo de catálogo não compensa o esforço da encomenda e a política de muitas cadeiras livreiras é indicar que "está esgotado").</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Ainda assim digamos que o livro mantém algumas vendas ocasionais e atinge nos 3 a 5 anos seguintes à sua publicação vendas da ordem dos 1000 exemplares. Nesse casoe diluído pelos anos seguintes ao primeiro ano de publicação em que recebeu o referente às vendas de 750 exemplares, o tradutor receberá ainda a verba de 112,5 €.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com esta realidade que tradutor quererá traduzir boa literatura? Não tenho dúvidas que os tradutores quererão traduzir Harry Potter, ou "O segredo", ou Nora Roberts, mas fora estas e algumas outras excepções, mesmo muita literatura comercial ficaria sem tradução.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda assim e se existirem tradutores dispostos a trabalhar neste regime, são a alegria de muitos editores que podem baixar os preços de capa dos livros pois baixam o segundo maior custo na produção de um livro após a impressão e acabamento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que muitos agentes do sector parecem não ter ainda percebido apesar de se movimentarem neste meio há alguns anos, por vezes até décadas, é que não há número suficiente de leitores para justificar a dimensão da indústria de edição que temos. Que o nosso mercado deveria ser regrado de forma muito mais apertada e efectiva por um qualquer órgão de controlo e fiscalização (ou pelo menos por um sistema de autocontrolo como o que já sugeri em tempos à Secretaria de Estado da Cultura). E que todos os agentes do sector deveriam estar empenhados na criação de políticas de angariação de novos leitores. neste momento a grande questão é se o sector editorial sobrevive nos próximos 5 a 10 anos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A crise afastou a grande maioria dos denominados públicos flutantes e conduziu o mercado à sua real dimensão. As estatísticas continuam, por interesse das editoras (ainda que mal orientado) e dos restantes agentes do sector (por motivos parvos e inadequados), a ser forjadas e irreais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era muito importante que se criasse um curso de economia para o sector específico do livro. falta muita capacidade de fazer contas e faltam fontes fidedignas de números de um sector que parece empenhado em maquilhar-se constantemente para uma qualquer e hipotética festa que não vai acontecer. </div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-19371267077309040992014-12-20T22:37:00.000+00:002014-12-20T22:37:15.325+00:00A grande transformação das livrarias<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-ayahaVRO0_A/VJXQiouQ5qI/AAAAAAAAAew/EHi4K4NF0LU/s1600/Captura-de-pantalla-2014-12-15-a-las-15.51.55.png" height="320" width="223" /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
O relatório não é novo. Data de Outubro de 2013. Mas só há pouco chegou ao meu conhecimento, por via de relato da conferência "A livraria como rede social sem algoritmos: políticas públicas de apoio", proferida por Joaquín Rodriguez e Manuel Gil, no passado dia 1 de Dezembro, na Feira Internacional do Livro de Guadalajara. Conforme resumem os conferencistas:</div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
La tesis principal de la exposición era la de señalar la situación de deterioro generalizado en que se encuentran las librerías en el mundo, por lo que compartimos los datos de situación de las librerías en Europa (y específicamente de España), y las políticas públicas de apoyo que se están poniendo en marcha en sus respectivos ámbitos. </blockquote>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
El diagnóstico del que partíamos se basaba en la consideración de que mucho antes de que estallara la crisis que ha asolado el mundo del libro en España ya existían indicadores negativos de la situación que permitían prever cómo la cadena de valor predigital, la cadena de valor analógica tradicional, comenzaba a desintegrarse. </blockquote>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
La idea de desarrollar políticas públicas de apoyo a la librería (mediante el desarrollo de sellos de calidad, beneficios fiscales y apoyo financiero directo, además de la defensa contra las iniciativas multinacionales que amenazan con convertirse en monopolios de hecho), parte de la convicción de la necesidad de garantizar el acceso a los lectores a la enorme riqueza bibliográfica de nuestro país, de preservar la diversidad de la oferta cultural mediante el mantenimiento de una red que la comercialice y distribuya, de avanzar en un rediseño y reingeniería de estos espacios para encontrar nuevos mix, nuevos modelos de negocio que permitan reflotarlas, adaptarlas a una nueva cadena de valor en la que tienen que encontrar su sitio y su función. </blockquote>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
Una idea que propusimos fue la de poner en marcha un <em style="margin: 0px; padding: 0px;">Pacto Nacional por el Libro</em> que incluya no sólo a los agentes de la cadena de valor, sino también a lectores y bibliotecarios, todo ello auspiciado por unas administraciones públicas sensibles con el devenir de una industria en serias dificultades en el momento actual, y con unas expectativas sombrías de futuro. </blockquote>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">A buen seguro entendemos posible abrir un debate y una reflexión colectiva sobre el asunto. Consideramos que promover una cierta complicidad con la situación de las librerías y los libreros forma parte de una actitud de renovación y de protección del sector, algo que está entre las preocupaciones más acuciantes del </span><a href="http://cerlalc.org/" style="background-color: white; color: #b30000; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration: none;" target="_blank">Cerlalc</a><span style="background-color: white;"> </span><span style="background-color: white;">por impulsar políticas públicas de apoyo a la librería en Iberoamérica, algunas de cuyas líneas ya están definidas en la</span><span style="background-color: white;"> </span><a href="http://cerlalc.org/pdf/home_pdf/nueva_agenda.pdf" style="background-color: white; color: #b30000; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration: none;" target="_blank"><em style="margin: 0px; padding: 0px;">Nueva agenda del Libro y la Lectura</em></a><span style="background-color: white;">y que serán desarrolladas en un plan específico en los próximos meses</span></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
E nós por cá? Como vamos de políticas públicas? Porque é que não passamos das críticas ao "sistema" para o reforço do "associativismo editorial e livreiro"? Por que não se avança para um tipo de "pacto" conforme foi proposto em 15 de Setembro, na apresentação do estudo sobre o Comércio Livreiro em Portugal?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se não passamos das palavras aos actos...</div>
<br />
Rui Beja<br />
<blockquote class="tr_bq">
</blockquote>
Rui Bejahttp://www.blogger.com/profile/16692370674770404937noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-74231643777604308472014-12-13T12:02:00.000+00:002014-12-14T08:43:21.334+00:00As soluções positivas e as soluções negativas: a APEL e a Agência Nacional de ISBNRecentemente a APEL (Associação Portuguesa de Editores e Livreiros) emitiu um comunicado em que informa que, devido ao retirar do apoio da secretaria de Estado da Cultura que "nos últimos anos, tem subsidiado<b> uma parte dos custos operacionais da agência </b>e tem permitido manter este serviço público gratuito", não tem outra solução que não seja cobrar o serviço e avança com a proposta que todos poderão consultar abaixo:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-6I3bz7OIwVo/VIwGS8kp_eI/AAAAAAAABII/EEfwis-JVt4/s1600/ISBN%2B2015%2B-%2BInforma%C3%A7%C3%A3o%2Baos%2BUtilizadores-page-0.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-6I3bz7OIwVo/VIwGS8kp_eI/AAAAAAAABII/EEfwis-JVt4/s1600/ISBN%2B2015%2B-%2BInforma%C3%A7%C3%A3o%2Baos%2BUtilizadores-page-0.jpg" height="400" width="282" /></a><a href="http://2.bp.blogspot.com/-RVmYsx1DAvs/VIwGTJoQi4I/AAAAAAAABIM/NHc8FCztPPM/s1600/ISBN%2B2015%2B-%2BInforma%C3%A7%C3%A3o%2Baos%2BUtilizadores-page-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-RVmYsx1DAvs/VIwGTJoQi4I/AAAAAAAABIM/NHc8FCztPPM/s1600/ISBN%2B2015%2B-%2BInforma%C3%A7%C3%A3o%2Baos%2BUtilizadores-page-1.jpg" height="400" width="282" /></a></div>
<br />
Nesta proposta há vários pontos que me intrigam. O primeiro é o claro abuso relativamente aos pequenos e médios editores. Se um editor associado da APEL que, digamos, pede 50 ISBNs por ano vai pagar um aumento de 10% na quota de associado, como poderá sentir-se face a um grande editor que pede mais de 500 ou 1000 ISBNs e vê a sua quota aumentada nos mesmos 10%. Esta é uma solução negativa e poderia ser resolvida por um aumento percentual da quota relativamente a chancelas activas, o que permitiria de imediato distinguir os pequenos dos grandes editores.<br />
<br />
Para os não-sócios a tabela de preços está patente e considerando o número global de livros publicados anualmente em Portugal, quer os que encontramos nas livrarias quer os que raramente lá chegam como as publicações Universitárias, de organismos públicos, várias publicações periódicas, separatas e folhetos de alguma dimensão, e se calcularmos que cada ISBN "custa" em média (deduzo-o pela tabela) 10 €, estamos a falar de valores muito significativos (claramente acima dos 400.000 €).<br />
<br />
A ideia do desconto por quantidade de ISBNs pedidos é também interessante, estamos a falar de aplicação de uma política comercial dentro de uma agência nacional! (Algo como dizer que quem tem muitos rendimentos pode pagar percentualmente menos impostos.) E mais uma vez e para usar uma expressão cunhada em discurso culto e oficial pelo nosso Primeiro-Ministro, "quem se lixa é o mexilhão". O pequeno editor que paga mais por pedir menos ISBNs como se um ISBN fosse um produto lucrativo (que parece efectivamente ser, para alguém).<br />
<br />
Acresce a isso a estranha questão do que é, fora do âmbito dos associados da APEL, um editor profissional ou um editor não-profissional. Pano para muitas mangas de discussão.<br />
<br />
Permitam-me então apresentar uma ideia um bocadito mais interessante, creio eu.<br />
<br />
Imagine-se que com metade do valor global que se espera arrecadar para cobrir parte dos custos operacionais, se investe no desenvolvimento de uma aplicação que funciona a partir do <i>site </i>da <i>internet </i>da APEL - como já é o caso.<br />
<br />
Quem quer que queira pedir um ISBN tem de se inscrever nesse <i>site </i>dando os dados da sua empresa ou os seus pessoais em caso de edições de autor.<br />
<br />
Digamos que para obter o ISBN tem de preencher um X número de dados informativos obrigatórios sobre o livro em causa (o que fará com que, pela primeira vez na história do ISBN em Portugal, haja informação efectiva sobre os livros permitindo a elaboração de índices e garantindo dados fiáveis de mercado sobre a tipificação dos livros e publicações já que antes raro era o editor que preenchia a ficha de informação adicional). E claro que o gerar do ISBN é feito automaticamente através do<i> software </i>disponibilizado gratuitamente pela Agência Internacional de ISBN.<br />
<br />
Com isso poupa-se o ordenado de quem na Agência Nacional de ISBN faz o tratamento de dados, sendo apenas necessário um supervisor que verifique se um qualquer editor preguiçoso não decidiu preencher como assunto do livro "Atirei o pau ao gato atirei o pau ao gato atirei o pau ao gato [e assim por diante]". Os dados são processados automaticamente e criada uma base de dados bibliográfica sem necessidade de intervenção humana. <br />
<br />
Esse <i>software</i> envia, igualmente todas as fichas aprovadas pelo supervisor para as agências internacionais de ISBN e outros organismos para os quais o envio seja necessário.<br />
<br />
(Neste ponto devo dizer que estou quase certo que há apoios europeus que podem cobrir o investimento da criação deste <i>software</i> ou, pelo menos de uma boa parte do mesmo.)<br />
<br />
Ligada a essa base de dados pode estar um <i>site </i>de consulta pública para acesso a informação sobre os títulos publicados recentemente. E em caso de necessidade de real rentabilização, podem vender-se os dados completos de cada título às livrarias <i>online </i>que assim pagam mas sempre menos do que ter, do seu lado, pessoal a introduzir os dados relativos a cada livro enviados pelas editoras nos mais diversos formatos e suportes. E sendo a fonte de informação a mesma, qualquer bom programador cria um <i>batch</i> de importação de ficheiros que cria a ficha de produto em qualquer livraria<i> online.</i><br />
<br />
Na verdade isto implica apenas a criação de um <i>site </i>que pode funcionar dentro do domínio da APEL logo não implicando custos adicionais para mais ninguém. Em termos de programação deste <i>software, </i>conheço muitos programadores que precisam de trabalho e a realização de uma Base de dados dinâmica como esta é algo que se faz nunca gastando mais de 15.000 € (e mesmo este valor é provavelmente exagerado). Fora isso o aluguer de servidores principais e de um servidor de <i>back-up </i>não custará mais de 1000 €/mês, e também este valor me parece exagerado uma vez que apenas se armazenam dados de texto.<br />
<br />
O que mais poderá precisar uma agência nacional?, de pagar uma avença a um contabilista (250 €/mês)?, de um único funcionário cuja função seja responder a dúvidas e supervisionar a informação introduzida (certamente que se consegue alguém que não aufira um ordenado enorme, aliás nem precisa de ser um funcionário especializado, basta alguma inteligência e proficiência e com isso até se garante que a atribuição de ISBNs durante o período da Feira do Livro de Lisboa não sofra atrasos!)? A minha imaginação não me consegue descobrir muitos mais custos a não ser que a APEL cobre à Agência Nacional de ISBN a água, luz, <i>net,</i> telefone, secretária e cadeira por estar a usá-los dentro das suas instalações mas essa, no meu entender, bem poderia ser a contribuição da APEL. Ainda assim contemple-se um valor para imponderáveis na ordem dos 500 €/mês. Todo este investimento fica muito muito abaixo do valor global calculado em cima do número de ISBNs pedidos anualmente.<br />
<br />
E poder-se-ia cobrar um valor de, por exemplo, 2 € por ISBN para os associados e 4 € por ISBN para os não associados (esquecendo a parvoíce dos descontos por quantidade) e, para cobrir os custos do arranque, bastaria que a inscrição no <i>site </i>para pedir automaticamente ISBN's em 2015 custasse uns 15 € por entidade solicitante (relembrando que cada chancela activa conta como entidade).<br />
<br />
Isto para mim seria uma solução positiva e um mal menor, já a forma como a APEL apresenta a sua solução parece-me absurda e sobretudo muito injusta para pequenos e médios editores.<br />
<br />
Sinceramente - e agora mais do que nunca - deixo em cima da mesa a questão sobre o estatuto de utilidade pública da APEL. Não me parece que esta Associação Profissional represente sequer um sector por inteiro e certamente não são as missões de representação em duas ou três feiras profissionais (em representação dos seus associados, porque os para os outros as condições são diferentes) que justificam por si o estatuto. Se alguma coisa havia que podia ser de utilidade pública era a atribuição dos ISBNs mas tratando-os agora a APEL como produto comercial e renunciando ao estatuto de utilidade pública ao fazer diferenciação entre sócios e não-sócios, o que resta? Mas isso é assunto para outras andanças<br />
<br />
Faz muito mais sentido neste momento (até porque se pouparia na questão de aluguer de equipamentos informáticos, servidores, etc.) que seja a BNP a assumir a Agência de ISBN à semelhança do que acontece em vários países nomeadamente o Brasil. Em alternativa o Arquivo Nacional da Torre do Tombo serviria de forma igualmente perfeita e em ambos os casos de forma bem mais adequada.Unknownnoreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-83720322172612689642014-11-18T20:11:00.000+00:002014-11-18T20:16:02.404+00:00Comércio livreiro em Portugal. As livrarias independentes<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-jx6ugUMmstE/VGuThfSWjzI/AAAAAAAAAeU/kSx1t_DGIh0/s1600/cartaz%2Bencontro%2Bporto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-jx6ugUMmstE/VGuThfSWjzI/AAAAAAAAAeU/kSx1t_DGIh0/s1600/cartaz%2Bencontro%2Bporto.jpg" height="320" width="226" /></a></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px;">
<br /></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px;">
No próximo dia 23 terá lugar o I ENCONTRO LIVREIRO DO PORTO E GRANDE PORTO, organizado de acordo com os os princípios e objectivos constantes na respectiva mensagem de convocação:</div>
<div style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
<span style="color: #660000;"><br /></span></div>
<div style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
<span style="color: #660000;">"O Encontro Livreiro do Porto e Grande Porto está em marcha e promete ser um feliz acontecimento. </span></div>
<div style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
<span style="color: #660000;"><br /></span></div>
<div style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
<span style="color: #660000;">Para além do convívio e da boa onda que inevitavelmente vão pairar entre livreiros e gentes do livro, vamos ter cinema, dança, música, poesia, a partir das 15h.</span></div>
<div style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
<span style="color: #660000;"><br /></span></div>
<div style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
<span style="color: #660000;">Tragam as vossas palavras, a vossa energia e a vossa esperança inabalável no futuro.</span></div>
<div style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
<span style="color: #660000;">Partilhem as vossas experiências e os vossos anseios. Desvendem-nos os vossos milagres de cada dia - como os que estão a acontecer em Óbidos, a Vila literária e as suas 7 livrarias encantadas.</span></div>
<div style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
<span style="color: #660000;"><br /></span></div>
<div style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
<span style="color: #660000;">Livreiros de todo o país, lembrem-se que logo após o corte do cordão umbilical entre o autor e o livro, são os livreiros os primeiros a acolhê-lo nas suas mãos e a afagar (lembrando o belíssimo poema que Eugénio de Andrade dedicou aos livros) "a sua cálida, terna, serena pele...). Só depois os livros seguem o seu caminho, procurando a "amorosa companhia" dos leitores."</span></div>
<div style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
<span style="color: #660000;"><br /></span></div>
<div style="font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
Os muitos anos que levo de trabalho no sector do livro, e estudos recentes que desenvolvi ou nos quais participei, fundamentam a opinião, continuamente reforçada, relativamente à importância fulcral dos livreiros independentes para que toda a cadeia do livro, incluindo os grupos editoriais e livreiros de grande dimensão, cumpra a sua missão sociocultural com viabilidade económica e assegurando a pluralidade editorial e a diversidade cultural que lhe cumpre como indústria cultural de referência.</div>
<div style="font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
Daí entender que esta iniciativa, como todas as outras que se têm realizado no sentido de reforçar o relacionamento e de estabelecer entendimentos de cooperação "inter pares", justificam a maior divulgação e merecem o maior sucesso.</div>
<div style="font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
Nesse sentido, e porque considero que pode constituir um contributo sustentado para o debate que certamente ocorrerá e um suporte válido para as conclusões a obter, aqui deixo a ligação para o estudo <i><a href="http://www.apel.pt/gest_cnt_upload/editor/File/COMERCIO_LIVREIRO_APEL__SET2014_SEC.pdf">Comércio livreiro em Portugal: Estado da arte na segunda década do século XX</a></i>, desenvolvido pelo CIES/IUL no 1º semestre de 2014 por encomenda da APEL e no qual tive o privilégio de participar, como também para o post <i><a href="http://janeladoslivros.blogs.sapo.pt/encruzilhadas-do-mercado-livreiro-19808">Encruzilhadas do mercado livreiro</a></i> no qual abordo aspectos específicos do referido estudo.</div>
<div style="font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.91499900817871px; text-align: justify;">
Rui Beja</div>
Rui Bejahttp://www.blogger.com/profile/16692370674770404937noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-8930346361585713032014-10-24T11:18:00.000+01:002014-10-24T11:19:28.288+01:00A proverbial exposição alternativa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-k4L0G8AdsaI/VEoi8UhPwEI/AAAAAAAAAvk/cMrAfHbdFdo/s1600/convite_pulcinoelefante.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-k4L0G8AdsaI/VEoi8UhPwEI/AAAAAAAAAvk/cMrAfHbdFdo/s1600/convite_pulcinoelefante.jpg" /></a></div>
<br />
Nasceu como associação cultural em Itália no distante ano de 1982. O seu mentor, Alberto Casiraghi, cria anualmente centenas de pequenas <i>plaquettes </i>impressas em prensa de caracteres móveis manual.<br />
<br />
As referidas<i> plaquettes </i>reproduzem geralmente aforismos ou poesias breves (se bem que tenham sido já publicados alguns textos mais longos) acompanhados de ilustrações geralmente originais de diversos artistas plásticos. As tiragens são muito reduzidas e os livros não se vendem no circuito comercial.<br />
<br />
Os textos nascem habitualmente do encontro entre o editor e os autores. Sem qualquer tipo de estratégia que não a sua opinião pessoal, Alberto Casiraghi publicou centenas de autores desconhecidos mas também alguns dos maiores nomes da literatura moderna e contemporânea de todo o mundo. <br />
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Na Biblioteca Nacional, inaugura-se hoje a exposição de perto de 1000 plaquettes entre as quais as de todos os autores de língua portuguesa publicados.<br />
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Em termos de terminologia de mercado pode dizer-se que as edições Pulcinoelefante são o exemplo acabado de <i>specialty product </i>na área do livro. Do ponto de vista do leitor, são uma delícia. Não percam.<br />
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Para os curiosos fica uma <a href="https://www.youtube.com/watch?v=DCQc3jjv61A" target="_blank">reportagem vídeo</a> e <a href="http://edizionipulcinoelefante.tumblr.com/" target="_blank">imagens de várias edições</a> da Pulcinoelefante.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-71403628968878440972014-05-30T11:50:00.000+01:002014-06-06T11:15:17.877+01:00América, América!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-TtutjywQ4oo/U4hiCxn-NAI/AAAAAAAAAl4/weW9hqzNZgw/s1600/korda.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-TtutjywQ4oo/U4hiCxn-NAI/AAAAAAAAAl4/weW9hqzNZgw/s1600/korda.jpg" height="320" width="214" /></a></div>
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Acabei de ler recentemente <a href="http://www.amazon.com/Another-Life-Memoir-Other-People/dp/0385335075/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1401443244&sr=8-1&keywords=korda+another+life" target="_blank">Another Life de Michael Korda</a>, uma leitura que tinha iniciado há muitos anos e interrompi para priorizar outras leituras. <br />
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Korda foi, para quem não saiba, editor chefe da Simon & Schuster durante largas dezenas de anos. Era-o ainda em 2000 quando publicou este livro. Mas é muito mais do que isso: Korda é também o autor de um romance best-seller (baseado na vida da sua tia, a actriz Merle Oberon), de biografias de grandes personalidades e mesmo de um livro de auto-ajuda que bateu vários recordes de vendas; como tal este é um editor/autor que conhece os dois lados da barricada.<br />
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Em <a href="http://www.amazon.com/Another-Life-Memoir-Other-People/dp/0385335075/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1401443244&sr=8-1&keywords=korda+another+life" target="_blank">Another Life</a>, Korda escreve as suas memórias como só um bom editor pode fazer: apagando-se. As suas memórias são os retratos dos seus autores, dos seus colegas editores, dos gestores das editoras, das mudanças na organização das editoras e grupos editoriais e das evoluções do mercado.<br />
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Neste volume podem encontrar-se algumas das melhores anedotas (verídicas, na sua maior parte) sobre o meio editorial norte-americano mas também, num registo mais sério, a história da casa Simon & Schuster, uma das mais importantes dos Estados Unidos; considerações simples mas brilhantes na sua simplicidade sobre o trabalho editorial, as suas dificuldades e prazeres - considerações essas que me apeteceria transcrever linha por linha, palavra a palavra neste blogue não fosse o facto de que acabaria por transcrever largas dezenas de páginas; uma narração factual das transformações da indústria do livro nos EUA - sem ceder à tentação (ou impossibilitado de o fazer) de aplicar juízos valorativos (como o fez, por exemplo, André Schiffrin no seu <a href="http://www.letralivre.com/catalogo/detalhes_produto.php?id=85828" target="_blank">O negócio dos livros</a>); e uma descrição detalhada do funcionamento do mundo editorial norte-americano desde as funções mais básicas (Korda entrou no mundo da edição primeiro como leitor e posteriormente como assistente editorial, vulgo servo) às estratégias de gestão e políticas estruturais.<br />
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Não vou entrar em grandes detalhes: este é um livro muito importante para quem trabalha na área do livro seja para editores, autores ou livreiros, comerciais ou quaisquer outros, mas é também uma obra essencial para perceber o mundo de diferenças que existe na edição de livros nos EUA e a que se faz por cá.<br />
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A importância do "editing" de todos os livros publicados, por mais ou menos literários que sejam, chocaria a maior parte dos autores portugueses que se escandalizam quando o editor sugere trocar uma vírgula ou cortar uma frase. E, verdade seja dita, despoja as obras de credibilidade artística. Por outro lado, o livro explica-nos perfeitamente o porquê da lógica ecléctica e da falta de identidade das editoras americanas cujos catálogos podem e geralmente misturam obras literárias com auto-ajuda, biografias de vedetas ou importantes ensaios sócio-políticos com livros de dieta ou espiritualidade new-age, etc. Korda que reflecte, até no ecletismo da sua produção literária, o meio em que trabalha, acaba de forma indirecta por nos explicar que o público norte-americano é muito diferente do europeu - até do britânico (e como!).<br />
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O curioso, e permitam-me agora que me afaste do livro de Michael Korda (sem nunca o perder de vista), é que nós por cá, com séculos de uma indústria do livro a mais do que os norte-americanos, olhamos para eles como uma bitola do que o futuro nos reserva. <br />
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Deveria bastar-nos o facto de os norte-americanos terem números fiáveis sobre o seu mercado para percebermos que as diferenças são inultrapassáveis. Mesmo nos mercados mais organizados a nível europeu, os editores e os bons gestores de editoras sabem o valor relativo dos números e a sua imprecisão no que toca à nossa indústria em particular. Não vou referir a crónica ausência de números fiáveis em Portugal pois essa deve-se a motivos muito diferentes que, em parte, já foram abordados nas primeiras entradas deste blogue.<br />
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É, chegado a este ponto, que vejo os riscos tremendos que corremos ao seguir modelos que foram pensados para públicos com uma realidade socio-cultural diferente da nossa. Lembra-me o calor horroroso que os alunos da minha geração sentiam em várias escolas modelo construídas em Portugal sobre modelos arquitectónicos escandinavos concebidos para aproveitar as poucas horas de sol desses países. E no entanto esses modelos arquitectónicos tinham sido importados porque faziam parte de um dos melhores sistemas educativos do mundo - curiosamente nunca se aproveitaram as boas lições das filosofias de ensino escandinavo que defendiam o ensino "criativo" ao invés do "expositivo".<br />
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Claro que enquanto as estratégias das empresas da área do livro forem geridas por gestores e directores gerais formados com cursos também eles "gerais" de gestão (e não seguindo a recomendação da UNESCO para a criação de gestores com formação específica para as indústrias culturais) continuaremos a seguir modelos norte-americanos e a cair em erros de "casting" tremendos porque os gestores para gerir têm de ter números e os números que existem são, das duas uma, números americanos que reflectem outra realidade e outro público com outros hábitos de compra, ou números europeus que não fazem sentido nem apresentam comportamentos lógicos (e portanto previsíveis) do público precisamente porque os consumidores de produtos culturais são por natureza idiossincráticos, imprevisíveis e erráticos e o segredo, para os conhecer, é estar entre eles, é ser um deles.<br />
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Mesmo em relação ao público americano Korda admite essa realidade mas não se debruça sobre ela (provavelmente, repito, porque não lhe é possível fazê-lo dado a sua posição dentro da indústria do livro), mesmo ele admite a incerteza dos números e a imprevisibilidade dos sucessos literários. Acima de tudo, Korda admite a grande distância que vai de quem trabalha nas editoras para o leitor e apesar de tocar nesse aspecto não o problematiza, dando-o como adquirido. Nós por cá já ultrapassamos essa batalha que decorreu com o advento da literatura popular de finais do século XVIII, meados do século XIX - uma época em que praticamente não existiam sequer gráficas no território dos actuais EUA, quanto mais editoras... É preciso perceber isto, é vital termos perspectiva histórica da indústria do livro para não continuarmos a perpetuar erros.<br />
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Como em todas as indústrias com muitos anos de existência, é fundamental que quem dita as suas estratégias de crescimento ou mesmo de manutenção, saiba o que aconteceu no mercado há 50, 100, 200 anos. Esse sim, é o conhecimento que permite tornar o negócio, as suas mutações e a especificidade do seu público, categorizáveis e mais previsíveis.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-55327637805252385752014-05-07T10:31:00.000+01:002014-05-07T10:31:27.447+01:00Da transparência na edição.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-3PR46JbEOSk/U2n7u2PAmrI/AAAAAAAAAlA/kNYmibA--yQ/s1600/photo+1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-3PR46JbEOSk/U2n7u2PAmrI/AAAAAAAAAlA/kNYmibA--yQ/s1600/photo+1.JPG" height="400" width="300" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/--fK9CAnCD3I/U2n86kgoveI/AAAAAAAAAlk/3DiJD_vFeNs/s1600/photo+2aa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/--fK9CAnCD3I/U2n86kgoveI/AAAAAAAAAlk/3DiJD_vFeNs/s1600/photo+2aa.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-NLcVGger4cw/U2n7veAG1TI/AAAAAAAAAlI/nqyhf4_NEIY/s1600/photo+2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-_MA6j9a31t0/U2n7vLHrP3I/AAAAAAAAAlE/m_m9C1feBgc/s1600/photo+3.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-_MA6j9a31t0/U2n7vLHrP3I/AAAAAAAAAlE/m_m9C1feBgc/s1600/photo+3.JPG" height="300" width="400" /></a></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-85767346084908366152014-02-21T12:18:00.000+00:002014-02-21T12:18:21.378+00:00Nubico – O serviço de subscrição de e-books espanhol<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-T1ohkXgI5Qc/UwdD58lzFzI/AAAAAAAAAiM/ba737DZ-nBQ/s1600/Nubico.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-T1ohkXgI5Qc/UwdD58lzFzI/AAAAAAAAAiM/ba737DZ-nBQ/s1600/Nubico.JPG" height="111" width="320" /></a></div>
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Acaba de ser lançada em Espanha uma nova plataforma de
subscrição de e-books, a <a href="http://www.nubico.es/">Nubico</a>, acompanhando assim a
onda deste tipo de serviços que tem surgido no último ano (a Oyster e a Entitle
são alguns exemplos).<br />
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A Nubico resulta da aliança entre dois gigantes da edição e
das telecomunicações, o Circulo de Lectores (Planeta e Bertelsmann), e a
Telefonica, respetivamente. O Circulo de Lectores já tinha o seu próprio
serviço de subscrição, a Booquo, em que por € 9,99 por mês, os leitores tinham
acesso ilimitado a e-books, bem como a conteúdo extra, contacto com autores,
numa experiência de comunidade como um clube do livro, como é, aliás, esperado
de um clube do livro.<br />
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É cada vez mais significativo o crescimento destas
plataformas no mercado editorial e livreiro, embora os e-books na Europa
continuem à taxa mais alta (exceto em França e no Luxemburgo que cortaram na
taxa à revelia da UE), o que faz com que muitas editoras, especialmente em
Portugal, com o IVA a 23%, se mostrem relutantes em entrar na onda. Só os grandes
grupos terão capacidade para arriscar. A equiparação dos e-books aos livros
impressos é uma discussão em curso e que requer ainda maior reflexão, pois
poder-se-á comparar de facto um livro eletrónico, que oferece cada vez mais
conteúdos multimédia além do conteúdo literário, a um livro encadernado?
<br />
<br />
Contudo, não se pode ignorar a
expansão das plataformas de subscrição. Demorará muito até que em Portugal
comecem a surgir serviços semelhantes? Os portugueses são, sem sombra de
dúvida, adeptos das novas tecnologias e, portanto, a possibilidade de tal vir a
acontecer a médio prazo suscitará, com certeza, um debate interessante sobre a
sua real viabilidade para o nosso mercado.<br />
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<a href="http://edicaoexclusiva.blogspot.pt/2012/10/catarina-araujo.html">Catarina Araújo</a>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-19547322807503651492014-02-18T14:17:00.001+00:002014-02-18T14:17:11.771+00:005.º Encontro Livreiro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-sKTSC0gepWQ/UwNq-PKWxvI/AAAAAAAAAh8/zvqoB_cY2nU/s1600/5_EL.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-sKTSC0gepWQ/UwNq-PKWxvI/AAAAAAAAAh8/zvqoB_cY2nU/s1600/5_EL.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
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É já no final de Março, mais propriamente a 30 de Março, o último domingo desse mês, que se realiza do já habitual Encontro Livreiro.<br />
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Tal como das vezes anteriores, estamos todos convidados a nos deslocarmos à Livraria Culsete, em Setúbal, para discutir o mundo do livro, tanto na perspectiva dos livreiros como na de todos os interessados pelo livro.<br />
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Para mais informações sigam o blogue do movimento <a href="http://encontrolivreiro.blogspot.pt/2014/02/o-encontro-livreiro-esta-chegar.html">Encontro Livreiro</a>.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9177817682388108894.post-70909676980791110952014-01-06T09:00:00.000+00:002014-01-06T09:00:00.174+00:00A crítica não vende<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-f__9SLU07Y0/UskpzP9TqVI/AAAAAAAAAgQ/cdVhjRlU3ao/s1600/book-critics3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-f__9SLU07Y0/UskpzP9TqVI/AAAAAAAAAgQ/cdVhjRlU3ao/s1600/book-critics3.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: xx-small;">Fonte: <a href="http://indiereader.com/">http://indiereader.com/</a></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
1. Há uns tempos, um jovem crítico já não tão jovem mas que é crítico desde jovem disse uma daquelas frases engraçadas que os jovens críticos dizem e que têm graça enquanto são jovens mas já não tanta quando são ex-jovens: «A crítica não vende.» Se tivesse um <i>pim! </i>a seguir poderia ser uma almadanegreirada, e bem gira, dita assim parece lapalissada mas nem isso é: é nada. E, embora o crítico Pedro Mexia seja uma pessoa inteligente q.b. e etc., e também poeta e ficcionista e dramaturgo com obra publicada, a frase é penosa. Passa por sensata, por <i>boutade</i>, por evidência, mas não é: é infeliz, e tanto mais infeliz quando vem de uma figura tão mediática como o Pedro. Ah, o que eu sonhei vir um dia acusar alguém deste terrível crime, o mediatismo – eu, que durante anos a fio fui acusado e penalizado «dans les salons» por padecer dele. O Pedro toca actualmente tanto quanto sei – da forma mais importante, a paga – os três navios almirantes da indústria mediática, TVI, Expresso, TSF. Esta frase disse-a ele no simpático mas menos escutado Canal Q, mas suspeito que a terá repetido alhures. <br />
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Fiquei banzado. «A crítica não vende»? Bem sei que a expressão pode ser tida como mero exagero. Uma outra forma de dizer «vende pouco». Mas entre «pouco» e «nada» vai um abismo. O abismo do desinvestimento, da desresponsabilização, do encolher de ombros. Se o sentido fosse (não era) o de «vender pouco», o mesmo poderá ser dito da colocação do livro em livrarias alternativas ao Continente, de entrevistas na rádio, de anúncios no JL, etc.
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Ora a pergunta é: então o que vende será…<b> o leitor não saber sequer que o livro existe</b>? Não haver crítica ou qualquer outro tipo de recepção fará com que os leitores potenciais cheguem mais depressa (mais depressa e em força) ao livro?<br />
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2. Há anos, um editor disse-me com ar petulante: «Não acredito em lançamentos.» Hoje uso amiúde essa frase de Rui Pena Pires, da Celta, como exemplo de <i>boutade</i> errada. Uma pessoa sensata não acredita em lançamentos como única forma de atrair leitores. Mas…<b>não lançar será melhor do que lançar?</b> Pessoalmente, também eu não acredito em lançamentos – quando o investimento é superior ao benefício. Uma apresentação no Lux sem imprensa é dinheiro deitado ao Tejo. Mas, por exemplo, no caso da poesia ou das edições de autor, o lançamento é quase a única oportunidade de congregar leitores, além de uma forma barata de explicar aos amigos que eles é que devem comprar, não o autor e/ou editor a oferecer!<br />
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3. no passado 27 de Dezembro o crítico Eduardo Pitta postou no Facebook a recensão que fez na revista Sábado a um livro de um poeta que desconhecia e agora, graças ao post, já não desconheço. De Porfírio Silva diz Pitta que é «o melhor livro de poesia» que leu em 2013. Logo começou uma mini-polémica, e bem simpática, acerca da escolha, se era boa, se era má, então e o Herberto, etc., e assim por diante. O livro foi, literalmente, colocado no mapa. Algumas pessoas disseram «vou comprar». Os cínicos dirão: «Sim, agora prometem, depois esquecem.» Mas isso acontece com tudo, inclusive os bilhetes que fiquei de arranjar aos meus filhos para o Wrestling no ex-Pavilhão ex-público ex-Atlântico! O facto é: graças à crítica de Eduardo Pitta – e à sua reprodução no Facebook, aqui agora com bonita polémica, coisa de que a cofínica Sábado está isenta – um livro que literalmente provavelmente quase de certezamente ia ser aniquilado no «mercado» tem agora algumas chances de sobreviver. E nasceu um poeta. Parece ser um senhor já de meia-idade mas, para «le petit monde littéraire», nasceu.<br />
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Se isto não é vender, onde é que está a vossa venda, senhores?<br />
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Ah, já sei: nos olhos, cabeça a minha. E na má consciência, extintos que estão quase, mais ainda que os dinossáurios, os grilos falantes.<br />
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Rui ZinkUnknownnoreply@blogger.com1