Este foi um ano negro no mercado do livro em Portugal que, assim, regressa a valores provavelmente inferiores a 2007. Mais do que a quebra em si, é a quebra num mercado bastante descapitalizado, onde o dinheiro que circula está longe de colmatar os buracos financeiros criados ao longo de anos de crescimento baseado em aumento de custos e de falências de distribuidoras desadequadas ao mercado.
Num ano em que as livrarias adequaram o fundo às suas capacidades, reduzindo as colocações (e ilusório sell out das editoras) e apostando maioritariamente em produtos de baixo preço, a quebra da oferta teria de se traduzir na continuação da quebra em valor do mercado. As livrarias e as editoras, temendo o risco num ano complicado, retraíram no investimento, contribuindo para uma quebra superior.
Será isso bom, numa indústria com superprodução e um mercado sem capacidade para comercializar decentemente mais do que 5% dos livros que se produzem? Talvez sim; talvez este ajustamento propicie alterações de fundo para os próximos anos, ou talvez este mercado permaneça conservador, sem querer arriscar, definhando enquanto espera que os anos de crescimento de um futuro próximo os empurre para uma salvação digital.
Nuno Seabra Lopes
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